A agência humanitária da ONU que opera dentro da Faixa de Gaza descreveu como “um exôdo” o deslocamento de palestinos do norte para o sul do território, enquanto Israel prepara um ataque por “terra, mar e água”.
Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio), disse à BBC: “Isso é o pior que já vimos. Isso está chegando ao fundo do poço. Isso é Gaza sendo empurrada para um abismo, há uma tragédia se desenrolando enquanto o mundo assiste. Isso é Gaza.”
E acrescentou: “Segundo colegas no terreno, há um êxodo. As pessoas estão saindo”.
“Elas estão aterrorizadas”, concluiu.
Já outro órgão das Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde (OMS), condenou a ordem de evacuação determinada por Israel e disse que forçar os pacientes do hospital a se deslocarem seria “uma sentença de morte”.
Israel informou que pelo menos 279 dos seus soldados foram mortos desde 7 de outubro, quando o Hamas lançou o seu ataque surpresa. O número total de mortos em Israel, incluindo civis, é superior a 1.300.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), o número de reféns israelenses confirmados detidos em Gaza é de 126.
Anteriormente, Israel havia informado que cerca de 150 pessoas estavam mantidas em cativeiro em Gaza.
Mark Regev, conselheiro sênior do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou as críticas dos organismos humanitários de que algumas das ações de Israel poderiam constituir crimes de guerra.
Israel cortou a energia e a água para Gaza e mais de 2.300 pessoas foram mortas na campanha de bombardeio de Israel na Faixa de Gaza.
Os ataques aéreos foram lançados na sequência do ataque do Hamas no fim de semana passado.
Sobre as vítimas em Gaza, ele disse: “Esses números são divulgados pelo Hamas… Não há distinção entre combatentes e não-combatentes.”
A BBC verificou ontem um vídeo que mostra as consequências de um ataque a um comboio de civis que fugiam do norte de Gaza. Pelo menos 12 corpos eram visíveis na filmagem, a maioria mulheres e crianças.
As autoridades de Gaza dizem que foi um ataque israelense — mas Regev disse que “Israel não tem como alvo civis inocentes não combatentes”.
Segundo ele, algumas imagens vindas de Gaza podem ser encenadas, mas não entrou em detalhes sobre esse ponto.
O grupo militante Hamas — designado como organização terrorista pelo Reino Unido, pelos EUA e outras nações, mas não pelo Brasil — disse aos palestinos para ignorarem as ordens de Israel para evacuarem o norte de Gaza.
Este é um resumo dos principais desdobramentos do conflito neste domingo até às 6h30 de Brasília:
- Tropas israelenses estão se reunindo perto de Gaza antes de uma ofensiva terrestre prevista por terra, ar e mar, mas Israel não deu detalhes de quando isso acontecerá
- Uma janela de evacuação para a passagem segura de civis do norte de Gaza para o sul permanecerá aberta até as 13h, horário local (7h de Brasília).
- Um civil israelense foi morto e outros dois ficaram feridos no norte de Israel por um míssil disparado do Líbano, dizem os serviços de emergência israelenses.
- À medida que a tensão na fronteira Israel-Líbano aumenta, o Hamas afirma que três dos seus combatentes se infiltraram em Israel através da fronteira e posteriormente foram mortos
- Israel alertou 1,1 milhão de palestinos que vivem no norte de Gaza para evacuarem o sul, e milhares têm fugido de veículo ou a pé
- Os EUA enviaram um segundo porta-aviões à região para “dissuadir ações hostis contra Israel”. Entretanto, o Irã alertou sobre “consequências de longo alcance” se Israel continuar a atacar
- Mais de 1.300 pessoas foram mortas em Israel desde o fim de semana passado, enquanto o número de reféns israelenses mantidos em Gaza é de 126
- Mais de 2.300 pessoas foram mortas na campanha de bombardeio de Israel na Faixa de Gaza lançada na sequência, dizem as autoridades palestinas