O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy será julgado pela acusação de ter recebido fundos do ditador líbio Muammar Kadafi para financiar sua campanha eleitoral em 2007.
Uma das principais testemunhas de acusação é o empresário franco-libanês Ziad Takieddine. Ele declarou à Justiça francesa que havia intermediado uma doação ilegal do ex-ditador Khadafi para a campanha eleitoral de 2007. No entanto, em novembro de 2020, o depoente voltou atrás e afirmou que Sarkozy “não recebeu nenhum centavo em dinheiro líquido ou de outra forma” do ex-dirigente líbio.
Esta retratação levantou novas suspeitas entre os juízes que instruem o caso, que passaram a investigar se ela não teria sido articulada pelo ex-presidente, para que ele fosse absolvido no julgamento programado para 2025.
Depois de ser novamente interrogado, Sarkozy foi indiciado por mais dois crimes: ocultação de adulteração de testemunho e participação em uma associação criminosa com o objetivo de cometer o crime de fraude em um julgamento de formação de quadrilha.
O ex-presidente Nicolas Sarkozy ficou no poder na França entre 2007 e 2012.
A investigação judicial foi aberta em abril de 2013 com base nas acusações de autoridades líbias, de Takieddine e de uma reportagem do site investigativo Mediapart, a partir de um documento que supostamente provaria que a campanha se beneficiou de fundos líbios.
Em 2007, Kadhafi foi recebido por Sarkozy em Paris, onde passou cinco dias e chegou a armar uma tenda tribal no jardim do hotel Marigny, uma das residências do presidente, situada perto do palácio do Eliseu, no 8º distrito da capital.
O processo principal tem sido acompanhado desde meados de 2021 por uma investigação sobre uma possível tentativa de suborno por parte de Ziad Takieddine, que retirou temporariamente as acusações contra Nicolas Sarkozy no final de 2020.
Aos 68 anos, o ex-presidente sempre contestou as acusações e deve apelar contra o inquérito. “Não tem prova de chegada, nem prova de saída do dinheiro (…) Onde está o dinheiro?”, afirmou o ex-chefe de Estado durante um interrogatório no final de 2020.
Sujeito a eventuais recursos, o julgamento deve acontecer “entre 6 de janeiro e 10 de abril de 2025” na 32ª seção do Tribunal Penal de Paris, segundo o Ministério Público Financeiro Nacional.