A avaliação dos investigadores da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a execução de três médicos de São Paulo que estavam num quiosque na Barra da Tijuca, na noite desta última quarta-feira (4), é de que as características do crime não apontam para motivação política.
Um dos médicos sobreviveu ao ataque. Os atiradores não usavam balaclava (o gorro com abertura para os olhos comumente adotado em assassinatos profissionais) nem luvas, e atacaram os médicos em um quiosque sabidamente monitorado por câmeras – o que foi interpretado pela polícia como um indício de que os homicidas tinham a convicção de que o crime não seria propriamente investigado.
Daí decorre a hipótese de que os médicos tenham sido assassinados por engano, apresentada ao governador Cláudio Castro (PL) e ao secretário de Polícia Civil José Renato Torres em uma reunião do grupo de investigadores nesta manhã.
Tanto os delegados da Polícia Civil envolvidos no caso como os integrantes da Polícia Federal que se engajaram no trabalho disseram ao governador e também à equipe da coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo, que essa é a alternativa mais provável.
A hipótese de crime político passou a ser cogitada assim que se soube que um dos médicos assassinados, Diego Ralf de Souza Bonfim,era irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e cunhado do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).
O PSOL era também o partido da vereadora Marielle Franco, executada junto com o motorista Anderson Gomes em março de 2018.
Segundo essa linha de investigação, os criminosos muito provavelmente foram à Barra da Tijuca com a encomenda de executar outros bandidos, e por isso acreditavam que a apuração sobre o episódio não levaria a nada.
Na reunião sobre o caso ocorrida nesta manhã, os investigadores ainda compararam as características da execução dos médicos com o assassinato de Marielle. Naquele caso, os assassinos Ronnie Lessa e Elcio Queiroz usavam balaclava, luvas e cometeram o crime em uma rua escura e sem monitoramento de câmeras.
A polícia agora está buscando o carro branco usado no crime que, acreditam, está repleto de digitais. Os agentes também estão recolhendo mais imagens da avenida Lúcio Costa, onde a execução ocorreu, para tentar recolher mais pistas sobre a identidade dos assassinos.
Um dos médicos morto em quiosque na praia é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim