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quarta-feira 4 de outubro de 2023 às 11:06h

‘Não gosto do Lula, mas votei nele’, diz corregedor do MP de São Paulo

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Uma manifestação do corregedor-geral do Ministério Público de São Paulo, Motauri Ciocchetti de Souza, sobre os motivos que o levaram a votar no presidente Lula, causou inquietação entre promotores e procuradores de Justiça.

Motauri disse segundo o Blog do Fausto Macedo, que cobriu a foto de Lula na hora de pressionar a tecla ‘confirma’ da urna eleitoral, ao escolher o petista para a Presidência, em outubro do ano passado, mas que não poderia votar em Jair Bolsonaro.

“O projeto político do Bolsonaro era um projeto de perpetuação de poder”, disse o corregedor. Segundo ele, o ex-presidente estava disposto a tentar acabar com a regra que impede reeleições sucessivas.

“Eu tenho esperança, eu acho que nós mudamos de fase. Vou dizer aqui, com todas as letras, eu não gosto do Lula. Eu votei nele uma vez só, acho que foi na reeleição dele. Eu não gosto dele. Até brinco: no segundo turno agora eu votei nele e pus minha carteira na frente da foto antes de apertar o confirma, porque senão eu não ia conseguir apertar o confirma. Mas por que eu votei nele e não votei no Bolsonaro? Porque eu não tenho a mínima dúvida de que se o Bolsonaro fosse reeleito hoje estaria no Congresso uma proposta de emenda constitucional acabando com o limite de uma reeleição”, afirmou.

À mesa também estava a vice-corregedora Liliana Mercadante Mortari. “O vídeo reproduz uma resposta a uma pergunta que me foi formulada durante Aula Magna na Faculdade de Direito de Sorocaba”, informou o corregedor do Ministério Público de São Paulo.

O corregedor se reuniu com um grupo de procuradores nesta segunda-feira, 2, na sede do MP paulista. O encontro, segundo disse Motauri à reportagem do Estadão, foi realizado para ‘marcar a imparcialidade da Corregedoria-Geral do Ministério Público nos processos eleitorais internos’. “Esse o objetivo”, afirmou.

Ele se refere a duas eleições que se aproximam e que já põem a instituição sob clima beligerante. Em dezembro próximo será eleito o novo Conselho Superior do MP paulista. O colegiado é formado por onze procuradores. Seis deles são eleitos por todos os membros do MP. Três só por procuradores de Justiça que compõem o Órgão Especial da instituição – integrado por apenas 40 procuradores de Justiça. Membros natos do Conselho Superior são o procurador-geral e o corregedor.

Assista:

Em abril de 2024 será eleito o novo procurador-geral. Os dois mil promotores e procuradores em todo o Estado elegerão uma lista tríplice que é levada ao governador. Caberá a Tarcísio de Freitas escolher o novo chefe do MP – independente da colocação na lista o chefe do Executivo indica o nome que preferir.

O atual procurador-geral, Mário Luiz Sarrubbo, exerce seu segundo mandato consecutivo – na primeira vez ele chegou ao topo do MP por indicação do então governador João Doria (PSDB); na segunda, por escolha de Rodrigo Garcia. Sarrubbo não pode se candidatar novamente ao cargo.

Vários nomes já se habilitam à sua sucessão. Circulam entre os promotores fotos de candidatos fazendo o L, uma alusão à preferência deles pelo presidente da República.

Alguns acreditam que o gesto poderá angariar a ‘simpatia’ do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Moraes foi promotor do MP paulista e, já como ministro do STF, se tornou o algoz de Bolsonaro, a quem Tarcísio declara apoio e apreço.

Questionado pelo Estadão sobre o motivo da citação a Lula e a Bolsonaro na reunião com os procuradores, Motauri esclareceu. “A menção a presidentes ocorreu em contexto destinado a demonstrar que a Corregedoria toma as mesmas medidas quer quanto a eventuais ofensas a um, quer a outro.”

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