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domingo 24 de setembro de 2023 às 18:40h

Brasil deve liderar crescimento de usuários de 5G no mundo

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A base de usuários do serviço 5G no mundo deverá mais que triplicar até 2027, atingindo o patamar de 2,3 bilhões de conexões, conforme projeções da Bain & Company. Dentro do cenário traçado pela consultoria, o Brasil teria o ritmo mais acelerado de crescimento entre 19 países analisados: 79% ao ano, em média, para o período de 2023 a 2027. A estimativa é de que o total de clientes conectados à rede 5G no país chegue a aproximadamente 100 milhões ao fim do período, ante os 12,7 milhões contabilizados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em julho.

A expectativa de uma evolução rápida da base 5G no Brasil se baseia na velocidade de implementação das redes de quinta geração, na variedade crescente de modelos de aparelhos a preços mais em conta e na oferta de planos com franquias mais acessíveis. “A mobilidade [o acesso de banda larga à web via celular] será o carro-chefe nessa transição do 4G para o 5G, com uma taxa de crescimento até levemente superior à do 4G”, afirma Alberto Silva, da Bain, referindo-se ao mercado brasileiro.

Outras duas vertentes de expansão da tecnologia de quinta geração — a Internet das Coisas (IoT) e as redes privativas — ainda se encontram num estágio incipiente, acrescenta o especialista. Uma terceira linha de negócios, a da banda larga fixa sem fio (FWA, na sigla em inglês), deverá ter impacto limitado na disseminação do 5G no Brasil. A Bain estima que em 2027 o FWA baseado no 5G responda por 4% das conexões de banda larga no país, contra uma participação de 82,6% da fibra óptica.

Apesar de as projeções indicarem uma migração acelerada dos brasileiros para o 5G, o estudo indica que Estados Unidos e Índia contarão com o maior número de usuários de 5G em 2027: 328 milhões e 323 milhões, respectivamente. No Brasil, os aparelhos compatíveis com a tecnologia de quinta geração representavam no fim de julho apenas 5,5% das conexões ativas de telefonia móvel. Já os celulares 4G, no mesmo período, eram 85,4% da base.

A penetração dos serviços 5G é menor no Brasil quando comparada à dos Estados Unidos, onde 48,2% das conexões móveis utilizavam esta tecnologia no fim do primeiro trimestre deste ano. Na Europa Ocidental, porém, a dianteira em relação ao Brasil é bem menor. O 5G respondia em março por 10,5% dos acessos móveis na França, 10,2% na Itália, 11,3% na Espanha e 23,4% na Alemanha. Na mesma época, o percentual brasileiro era de 3,8%.

A trajetória de declínio do 4G no país deve começar no próximo ano e se intensificar a partir de 2025, pelos cálculos da Bain. A popularização do 5G está diretamente relacionada à ampliação tanto na variedade de smartphones disponíveis e à queda nos preços dos celulares. De acordo com a consultoria IDC Brasil, havia no país no início do ano passado 39 aparelhos compatíveis, número que aumentou para 70 no começo de 2023.

“Aumentou o número de produtos disponíveis e aumentou cada vez mais o número de produtos disponíveis [na faixa de] celulares acessíveis aos consumidores brasileiros”, diz Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisa e Consultoria da IDC Brasil.

A tendência de queda nos preços dos celulares 5G se manteve ao longo de 2022 e continua este ano. Como exemplo, Sakis cita um smartphone lançado no primeiro trimestre por um dos maiores fabricantes do segmento ao preço de R$ 1,8 mil. O modelo está sendo vendido atualmente a R$ 800. “Isso [desconto no preço] não é específico de uma companhia. Todas elas fizeram isso”, acrescenta o diretor da IDC. A expectativa, no entanto, é de retração nas vendas de smartphones no Brasil em 2023, segundo a IDC.

Além da oferta diversificada de aparelhos a preços menores, a Bain acredita que o avanço da infraestrutura 5G no Brasil deve contribuir para a elevada taxa de crescimento anual composta (CAGR, na sigla em inglês) no número de conexões entre 2023 e 2027. Em segundo lugar, atrás do Brasil (79%), aparece a Índia, com uma CAGR de 46%. A consultoria estima que, no fim deste ano, haja 700 milhões de linhas 5G ativas no mundo.

No país, a implementação da cobertura 5G está adiantada em relação às obrigações estabelecidas pela Anatel. “De acordo com o cronograma do edital [do leilão de frequências utilizadas no serviço de quinta geração], somente as capitais deveriam ter o 5G na presente data, meta que foi superada considerando que existem atualmente 254 municípios com estações do 5G licenciadas na faixa de 3,5 GHz [gigahertz]”, esclareceu a agência reguladora. Todos os municípios com mais de 200 mil habitantes, por exemplo, já foram atendidos apesar de a obrigatoriedade de cobertura.

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