sábado 23 de novembro de 2024
O novo ministro do Esporte, André Fufuca, toma posse sem a presença a antecessora — Foto: Brenno Carvalho/O Globo
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domingo 24 de setembro de 2023 às 08:15h

André Fufuca avalia trocas no Ministério do Esporte que podem afetar PT e Podemos

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Empossado há pouco mais de uma semana, o ministro André Fufuca (PP) avalia conforme Bernardo Mello , do O Globo, mudanças no segundo escalão do Esporte que podem afetar secretarias ocupadas por partidos como PT e Podemos na gestão de Ana Moser. A interlocutores, Fufuca só sinalizou até aqui a permanência da ex-jogadora de basquete Marta Sobral como secretária nacional de Alto Rendimento.

Medalhista olímpica, Sobral tem histórico de atuação política em Santo André, no ABC paulista, e concorreu a deputada federal pelo PT em 2022, mas não se elegeu. A secretária esteve com Fufuca em duas ocasiões: no dia 15, pouco após sua posse, quando tiveram uma reunião de alinhamento na pasta; e na última quarta-feira, no lançamento de um programa voltado à segurança nos estádios de futebol.

Além de Sobral, outros nomes apadrinhados pelo PT paulista ocuparam postos estratégicos na gestão de Ana Moser. A secretária-executiva da pasta, Juliana Agatte, é um nome de confiança do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT). A tendência é que o posto seja ocupado por alguém alinhado a Fufuca e ao PP.

A secretaria nacional de Futebol, chefiada por José Luis Ferrarezi, ex-vereador petista em São Bernardo do Campo, também deve ter mudanças. Sob a alçada de Ferrarezi, o Esporte abrigou indicados do PT e de outros partidos, como o ex-jogador de futebol Edcarlos Conceição Santos, ligado ao deputado federal Fred Costa (Patriota-MG). Edcarlos, que atuou como zagueiro em clubes como Fluminense e Vasco, foi nomeado em maio na coordenação de Defesa dos Direitos de Torcedor.

Foco de mudanças

Um dos focos do novo ministro é a secretaria nacional de Esporte Amador, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snealis), pela qual passa a maior parte do orçamento do ministério. O secretário Thiago Martins Milhim é dirigente do Podemos e chegou ao posto por indicação do partido.

Milhim entrou na mira de Fufuca após O Globo revelar, quarta-feira (20), que o Esporte empenhou — isto é, reservou para uso — R$ 73 milhões em um intervalo de três dias, logo antes da posse do novo ministro. A maior fatia, de R$ 11 milhões, foi para o Maranhão, incluindo redutos eleitorais de Fufuca. Os recursos também foram usados para atender parlamentares do Podemos.

Em agosto, em audiência na Comissão do Esporte da Câmara, Milhim afirmou que sua secretaria contava com uma fatia de R$ 158 milhões para atender “indicação aqui do Congresso Nacional”. Na apresentação à comissão, o secretário estipulou o dia 31 de agosto como a data final para que o ministério avaliasse propostas enviadas por estados e municípios. Os empenhos de R$ 73,1 milhões, isto é, quase metade do total da verba, ocorreram menos de uma semana depois deste prazo.

A audiência foi convocada pela deputada Nely Aquino (Podemos-MG), vice-presidente da Comissão do Esporte e ex-vereadora de Belo Horizonte. A capital mineira foi o terceiro maior destino dos recursos, com R$ 3 milhões destinados a reformas de campos de futebol. A deputada confirmou ao GLOBO o apadrinhamento dos recursos.

— É sinal de que nosso trabalho no parlamento em conjunto com o Executivo está trazendo resultado — justificou.

O ranking de maiores beneficiados pelas liberações às vésperas da posse de Fufuca contemplaram ainda conforme Bernardo Mello, outras prefeituras sob influência do Podemos. Uma delas é a de Vila Velha (ES), cujo prefeito, Arnaldinho Borgo, é filiado ao partido; o município arrematou R$ 1,5 milhão para reforma de quadras poliesportivas. Já a prefeitura de Ferraz de Vasconcelos (SP), ficou com R$ 1,4 milhão para a construção de um centro poliesportivo. A prefeita, Priscila Gambale, é irmã do deputado federal Rodrigo Gambale (Podemos-SP), que sucedeu Milhim neste ano na presidência do diretório estadual do Podemos.

Após a mudança na pasta, Aquino participou, na quarta-feira, de uma audiência com Fufuca junto a outros integrantes da Comissão do Esporte da Câmara. No mesmo dia, o ministro fez uma maratona de conversas com deputados do PP de estados como Rio, Bahia, Piauí e Goiás, e também atendeu outras siglas, como PSD, Republicanos e PCdoB.

Ex-orçamento secreto

O Orçamento deste ano prevê R$ 413 milhões de verba de uso livre, classificada pelo código RP 2, para o Ministério do Esporte. O montante inclui os R$ 211 milhões herdados com o fim do orçamento secreto, que inicialmente trazia o código RP 9, dentro dos quais estão os R$ 158 milhões gerenciados por Milhim. A outra metade da verba livre está comprometida, na prática, com gastos como o Bolsa Atleta e a manutenção do Parque Olímpico da Barra.

A chegada de Fufuca no Esporte envolveu articulação que visa turbinar as verbas da pasta. O projeto de lei que regulamenta as apostas esportivas prevê que 4% da receita de casas de apostas sejam direcionados ao Esporte — pelas estimativas da Fazenda, isto pode representar incremento de R$ 32 milhões nas receitas à disposição de Fufuca em 2024.

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