Decanos tucanos articulam reservadamente que o comando do partido passe a ser exercido rotativamente.
Em vez de um mandato renovável de dois anos, como tem sido, o próximo presidente, que deve ser escolhido em maio, exerceria a função por quatro a seis meses, dando espaço em seguida a outro membro da executiva, e assim sucessivamente.
Expoentes como os senadores José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE) foram consultados. “Eu acho uma boa ideia”, afirmou o cearense.
O ex-governador paulista Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB, faz parte das negociações, segundo relatos feitos à reportagem.
Alckmin disse por meio de sua assessoria que “a sucessão não entrou ainda na pauta do PSDB”. “De qualquer forma, ele não pretende propor o rodízio na presidência.”
A articulação, se vingar, será um revés para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que apadrinhou a candidatura do ex-deputado e ex-ministro Bruno Araújo (PE) para a presidência do partido.
Tendo um aliado à frente da sigla, ele fica bem posicionado para a eleição presidencial de 2022. Aliados de Doria condenaram a iniciativa.
“Ideia de jerico”, disse o prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Orlando Morando. “É inconsistente, um absurdo, tem que fazer uma coisa programada. Em seis meses não dá para construir nada”, rechaçou o aliado de Doria.
A convenção nacional do PSDB será em maio, em dia ainda não definido. Na ocasião, será eleita uma nova executiva nacional. A expectativa do grupo do governador de São Paulo é ampliar sua representatividade no colegiado, atualmente dominado pela velha guarda.
Fazem parte da direção tucanos com problemas judiciais que não se elegeram em 2018 como os ex-governadores Marconi Perillo (GO) e Beto Richa (PR) e o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira (SP).
Em seu trabalho para se consolidar como um líder nacional, Doria convidou as bancadas do PSDB na Câmara e no Senado para um jantar no Palácio dos Bandeirantes no próximo dia 12.
O tucano também tem conversado com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Ele também montou uma equipe de governo com ex-ministros de partidos grandes, já antecipando costuras de alianças eleitorais em 2022.
A aproximação entre Doria e Araújo começou depois da eleição à prefeitura de São Paulo, em 2016. Ao tomar posse, o tucano começou um giro pelo país para se viabilizar candidato a presidente, em detrimento de Alckmin.
Na ocasião, o tucano encontrou em Pernambuco um aliado entre os cabeças pretas, jovens do PSDB que queriam renovação no partido. Naquele ano, Araújo assumira o Ministério das Cidades do governo Michel Temer (MDB) e manteve próxima a relação com Doria, eleito prefeito da capital paulista.