A juíza Thais Araujo Correia, da 13ª Vara Cível de Brasília, acatou denúncia segundo Ramiro Brites, da Veja, contra a prorrogação do mandato na presidência nacional do PSDB do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. O autor da ação, prefeito tucano de São Bernardo do Campo (SP), Orlando Morando, classificou a medida como “antidemocrática”.
“Golpistas que subestimaram a Justiça”, disse Morando ao Radar, em referência ao grupo que assumiu o poder da Executiva Nacional da sigla neste ano.
“Eles pensam que uma cúpula abre um vinho e decide o futuro do partido?”, provocou.
Bruno Araújo foi eleito em 2019 e teve o mandato prorrogado dois anos depois. Em janeiro, Leite foi formalizado como vice-presidente do partido e assumiu a direção da sigla após a renúncia de Araújo do cargo. Em seguida, o governador gaúcho instalou uma Comissão Provisória justificada pela saída de dirigentes partidários.
O calendário das eleições tucanas foi revisto em fevereiro e a convenção nacional, inicialmente marcada para o fim de maio, deve ocorrer em novembro. O PSDB está em processo de escolha dos delegados estaduais e pretende, em 30 de outubro, definir as executivas estaduais.
A determinação judicial, divulgada na imprensa a partir da segunda-feira passada, anula a “segunda prorrogação da Comissão Executiva Nacional e dos atos posteriores por ela realizados, inclusive a Comissão Executiva Nacional Provisória”, além disso, ordena uma nova eleição em 30 dias.
Aliados de Eduardo Leite, porém, afirmam que a decisão não teria efeito prático. Paulo Serra, prefeito de Santo André (SP), alega que não há disputa no partido e que os movimentos do mandatário da cidade vizinha são “ações individuais”. Quanto às acusações de decisões partidárias pouco transparentes, para Serra, é um caso de “muita esquizofrenia”.
“Não tem nenhuma disputa, tem ataques isolados que não tem base nenhuma no partido”, disse Serra, que preside a Federação PSDB-Cidadania em São Paulo. “Quem faz isso só está buscando prejudicar o PSDB”, seguiu em referência a Morando.
Serra diz que é uma “decisão inócua”, com “consequências impraticáveis”, como por exemplo rever o uso do fundo eleitoral, em 2022. Ele afirma também que o calendário das eleições está marcado para novembro.
“As convenções foram feitas inclusive no município do autor da ação”, disse.
Segundo Serra, a determinação da Justiça ainda não foi publicada e o mês determinado para uma nova eleição passaria a contar dentro do prazo já estipulado para as convenções nacionais. Ele vê, no vazamento da decisão, uma tentativa de macular o processo de reconstrução do partido e diz que os advogados do PSDB vão querer saber de onde saiu a “fake news dizendo que Eduardo (Leite) foi afastado”.
Por outro lado, Morando critica a postura do partido, que segundo ele, está sem identidade. O prefeito de São Bernardo do Campo pede uma postura clara sobre temas como aborto, armamento e descriminalização de drogas. Do berço do petismo, o tucano exige uma oposição clara ao PT.