Com missão, país asiático entra para seleto grupo de nações que enviaram sondas para pesquisar a estrela. Aditya-L1 irá estudar dinâmica de ventos solares. A Índia lançou neste sábado (2) com sucesso um foguete que leva uma sonda para estudar o Sol. Essa é a primeira missão solar da agência espacial do país asiático e marca uma nova conquista para o programa espacial indiano. Na semana passada, a Índia se tornou a primeira nação do mundo a pousar no polo sul da Lua.
O lançamento foi transmitido ao vivo pela Organização Indiana de Investigação Espacial (ISRO, na sigla em inglês). Os cientistas da missão aplaudiram assim que o foguete descolou às 11h50 (horário local) da plataforma de lançamento na ilha de Sriharikota, no sul da Índia.
Nomeada com a palavra hindi para Sol, a sonda Aditya-L1 será posicionada a 1,5 milhões de quilômetros da Terra, no chamado ponto de Lagrange 1 (L1). A partir deste ponto, ela irá registar a atividade solar, em particular a dinâmica dos ventos solares (emissão contínua de partículas subatômicas provenientes da coroa solar) e os seus efeitos na meteorologia espacial.
“A partir de agora a Aditya-L1 iniciará sua viagem, após algumas manobras. Uma viagem muito longa de quase 125 dias”, afirmou o diretor da ISRO, Sreedhara Panicker Somanath.
Inicialmente, a sonda orbitará a Terra por 16 dias, quando ganhará gradativamente velocidade para seguir em direção ao ponto de Lagrange 1. A missão levará quatro meses para chegar nesse ponto, que mal chega a 1% da distância que separa os dois corpos celestes, e que se destaca por ser estável gravitacionalmente, onde a atração entre Sol e Terra está em equilíbrio, o que facilita a observação da estrela.
Salto espacial indiano
A Aditya-L1 está equipada com sete módulos para observar duas das camadas externas da atmosfera do Sol – cromosfera e coroa – e detetores de campos eletromagnéticos e de partículas, segundo a agência espacial indiana. A missão tentará entender os efeitos da radiação solar nos satélites em órbita na Terra. A longo prazo, os dados da missão podem ajudar a compreender melhor o impacto do Sol nos padrões climáticos da Terra e a origem dos ventos solares.
A sonda pesa pouco mais de 1,4 tonelada e espera-se que permaneça em funcionamento por cerca de cinco anos. Embora a ISRO não tenha divulgado o valor da missão, a imprensa indiana estima que ela tenha custa cerca de 48 milhões de dólares (aproximadamente R$ 237 milhões).
Com essa missão, a Índia passa a fazer parte do seleto grupo de países que enviaram sondas para estudar o Sol, entre eles, China, Estados Unidos e Japão, além da Agência Espacial Europeia (ESA, da sigla em inglês).
O lançamento da Aditya-L1 ocorre dez dias após o pouso histórico de uma sonda indiana no inexplorado polo sul da Lua. É para nesta região que os Estados Unidos pretendem enviar em dezembro de 2025 a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro, no novo programa lunar Artemis.
Impulsionada pelo primeiro-ministro Narenda Modi, a Índia privatizou lançamentos espaciais e está querendo abrir o setor ao investimento estrangeiro, com o objetivo de quintuplicar sua participação no mercado global de lançamentos na próxima década.