A pedido dele, a Justiça do Distrito Federal autorizou o empresário a continuar na cela que ocupa atualmente na Ala dos Vulneráveis da Penitenciária do Distrito Federal (PDF) I, no Complexo da Papuda. A intenção, com essa medida, é continuar recebendo visitas.
Quando o empresário recebeu autorização para deixar o regime fechado e migrar para o semiaberto, a juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do DF, determinou que ele fosse transferido para outro presídio também na Papuda: o Centro de Detenção Provisória (CDP).
No CDP, não estão autorizadas visitas de familiares porque os detentos podem deixar a cadeia durante o dia para trabalhar e também têm direito aos “saidões”.
No entanto, Luiz Estevão aguarda desde o dia 1º de março a autorização para trabalhar fora, em uma imobiliária no centro da cidade.
“De fato, o sentenciado ainda não está usufruindo dos benefícios concedidos, pois a proposta de trabalho particular a ele ofertada ainda está sob análise da Seção Psicossocial e ele ainda não foi beneficiado com as saídas temporárias”, afirmou a juíza Leila Cury.
A decisão da magistrada é de quinta-feira (27), publicada antes de Luiz Estevão ter conseguido liberação para deixar a Papuda no “saidão” de presos. É a primeira vez que ele sai do complexo prisional desde março de 2016.
“Consigno que Luiz Estevão deverá permanecer na Ala dos Vulneráveis da PDF I, enquanto não possuir o benefício do trabalho externo implementado.”
Diferenças
Na PDF I, os presos não têm convívio com outros detentos. Já no CDP, um preso pode dividir cela com até três colegas. Ele também tem direito de “caminhar” livremente pela unidade durante o dia, com acesso ao pátio ou à cantina.
Emprego combinado
Luiz Estevão deve ganhar salário de R$ 1,8 mil na imobiliária em que foi contratado para trabalhar como gerente administrativo. Ele conseguiu emprego na P&G Imobiliária – no complexo Brasil 21.
Se depender da imobiliária, tudo está pronto para receber o ex-senador. A dona da empresa, Mirian Guanabara, disse que ele deve fazer trabalho administrativo, por não ter registro de corretor de imóveis.
“Ainda não está tudo definido, mas ele deve trabalhar na organização dos imóveis, nas publicações da imobiliária [por exemplo, inserindo informações em anúncios na internet]”, declarou Mirian.
Ela afirmou ainda que foi o advogado de Luiz Estevão quem a procurou. “Analisei direito e acho que não tem problema. Estou ajudando uma pessoa a se ressocializar, que está se reenquadrando”, disse a empresária, que também afirmou conhecer pessoalmente o ex-senador.
No escritório, no quinto andar do Brasil 21, não havia nenhum sinal indicando que ali funciona uma imobiliária. A única placa com o nome da empresa fica do lado de dentro do escritório. Por volta das 10h30 do dia 8 de março, apenas a atendente estava trabalhando. A empresa também não tem página própria na internet.
Sobre isso, por telefone, a dona da imobiliária afirmou que a empresa é recente – abriu em 2017. “A gente tem também outros corretores de imóvel que trabalham para a gente.” No entanto, ela não detalhou quantos imóveis a imobiliária apresenta no portfólio.
Esta não é a primeira vez em que Luiz Estevão vai trabalhar em uma imobiliária. Quando ficou preso no semiaberto em 2015, dava expediente em outra empresa do tipo. Também era gerente administrativo, com salário de R$ 1,8 mil mais R$ 100 de auxílios.