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domingo 31 de março de 2019 às 04:47h

Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria: os 43 heróis e heroínas do Brasil

CURIOSIDADES


No Panteão da Pátria Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, um livro com páginas de aço lista os heróis oficialmente reconhecidos do Brasil.

O “Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria”, como é chamado, reúne nomes que entraram para a história nacional e, para fazer parte da coletânea, é preciso que o Senado e a Câmara dos Deputados aprovem um projeto de lei com o pedido de inclusão.

Na lista de espera, há candidatos como o piloto Ayrton Senna, o político Enéas Carneiro, o diplomata Sérgio Vieira de Mello e os médicos Vital Brasil e Osvaldo Cruz.

Os critérios para que uma pessoa seja considerada herói ou heroína são subjetivos e podem variar com a época. Por isso, alguns heróis oficiais talvez ficassem de fora se a lista seguisse parâmetros atuais. Atualmente, o livro de aço registra os seguintes nomes, em ordem de inclusão.

Livro dos Herois e Heroínas da Pátria, mantido no Panteão da Pátria, em Brasília, recebe 21 novos nomes — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília/Divulgação

Mantido dentro do Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, o livro existe desde 7 de setembro de 1989 e tem valor simbólico na preservação da memória nacional.

Feito de aço e com apenas dez páginas, ele guardava, até esta quarta, o nome de 31 pessoas, como Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, o líder Zumbi dos Palmares, a enfermeira Anna Neri, o compositor Heitor Villa-Lobos e a revolucionária Anita Garibaldi.

Entre os novos herois estão Marechal Rondon, militar e sertanista que fundou o Serviço de Proteção ao Índio; o jornalista e historiador Euclides da Cunha; o líder dos jangadeiros conhecido como “Dragão do Mar”, que aboliu a escravidão no Ceará quatro anos antes da Lei Áurea (1888); e o escritor e intelectual Machado de Assis, presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) por dez anos.

Junto a cada nome há uma biografia resumida para contextualizar o feito que confere aos homenageados destaque na história da pátria e oficializa a importância deles como herois ou heroínas do Brasil.

Para entrar no Livro dos Herois e Heroínas da Pátria é preciso que tenham se passado dez anos da morte ou da presunção de morte de quem se pretende homenagear. Cada nova inclusão requer a publicação de uma lei, aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Antônia Alves Feitosa (Jovita Feitosa)
Nasceu em 08 de março de 1848, em Tauá (CE). Negra e de feições indígenas, aos 17 anos cortou os cabelos, disfarçou os seios com bandagens, colocou chapéu de vaqueiro, roupas masculinas e tentou alistar-se no exército brasileiro para lutar na Guerra do Paraguai. Ela foi descoberta e não teve permissão para combater. Por ter habilidades com armas e disposição para aprender, recebeu treinamentos, tornou-se segundo sargento, mas continuou impedida de integrar o corpo de combatentes. Foi explorada como instrumento de propaganda pelo Império e transformou-se em heroína nacional. O gesto de Jovita teve grande repercussão e foi alvo de manifestações populares. Descontente por não poder combater, Jovita caiu no anonimato e terminou dando fim a própria vida, aos 19 anos.

Bárbara Pereira de Alencar
Foi uma das primeiras mulheres a se envolver na política. Primeira presa política do país, apoiou a independência do Brasil e é considerada uma heroína da Revolução Pernambucana e da Confederação do Equador.

Cândido Mariano da Silva Rondon (Marechal Rondon)
Militar e sertanista, foi líder de expedições desbravadoras no oeste do Brasil e fundador do Serviço de Proteção ao Índio. Abriu estradas, expandiu o telégrafo e ajudou a demarcar as terras indígenas. O marechal entra para a história como o pacificador e o patrono das comunicações.

Clara Camarão
Foi uma indígena brasileira, da etnia Potiguara, e que teria nascido na metade do século XVII. Catequisada por padres jesuítas tornou-se líder de um pelotão feminino durante as invasões holandesas em Recife. O pelotão ficou conhecido como as Heroínas de Tejecupapo, pequena aldeia da Zona da Mata pernambucana, palco de uma das batalhas ocorridas contra a dominação holandesa.

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha
Engenheiro militar, jornalista, ensaísta e historiador, escreveu a aclamada obra “Os Sertões” ao ser enviado ao sertão da Bahia para cobrir o conflito no município de Canudos, como correspondente de guerra. O sucesso do livro lhe rendeu, em 1903, a cadeira n° 7 na Academia Brasileira de Letras (ABL) e, em seguida, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Francisco José do Nascimento (Dragão do Mar)
Nasceu no dia 15 de abril de 1839, em Canoa Quebrada, Aracati. Foi o líder dos jangadeiros nas lutas abolicionistas e, junto com seus companheiros, impedia o comércio de escravos nas praias do Ceará. Uma de suas principais atitudes foi o fechamento do Porto de Fortaleza, assim impedindo o embarque de escravos para outras províncias. Graças a ele, o Ceará foi o primeiro estado a abolir a escravidão no país, quatro anos antes da Lei Áurea.

João Francisco de Oliveira (João das Botas)
Herói da Independência do Brasil na Bahia. Português de nascimento aderiu à causa brasileira da Independência, combateu as embarcações portuguesas na Baía de Todos os Santos, o principal foco de resistência contra o domínio lusitano.

João Pedro Teixeira
Ativo defensor do trabalhador rural no final dos anos 50, o paraibano João Pedro Teixeira fundou a Federação das Ligas Camponesas da Paraíba, no Município de Sapé, que tinha a denominação oficial de “Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé” e chegou a contar com mais de sete mil sócios. Sua casa era frequentemente alvo de disparos de armas de fogo e vivia sob constantes ameaças dos latifundiários. Em 1962, foi assassinado com três tiros numa emboscada por enfrentar os interesses dos grandes proprietários rurais.

Joaquim Francisco da Costa
Conhecido como Irmão Joaquim do Livramento o religioso viveu focado na caridade. Tornou-se franciscano aos 23 anos e foi o principal responsável por arrecadar verbas para a construção do primeiro hospital de Santa Catarina, em 1789, hoje o Imperial Hospital de Caridade. Construiu vários abrigos para crianças, a Casa dos Órfãos S. Joaquim da Bahia, a Casa Pia da Santíssima Trindade de Jacuecanga (RJ), o Seminário de Nossa Senhora do Bom Conselho de Itu (SP), o Seminário de Sant’Ana da Cidade de São Paulo (SP) e também o hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, além do trabalho de catequizador com os índios em São Paulo, Paraná e Bahia. Viveu uma vida dedicada ao próximo e a justiça social.

Joaquim Maria Machado de Assis
Escritor e intelectual brasileiro é referência na história da cultura nacional. Escreveu obras de gêneros variados como poesias, contos, romances, peças de teatro, crônicas e críticas. De origem humilde, sua instrução veio por conta própria, de suas curiosidades e interesses por todo tipo de leitura. Dentre as obras mais conhecidas estão “Memórias póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro” e “Quincas Borba”. Em 1897, fundou e ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia Brasileira de Letras (ABL). Suas obras foram traduzidas para o inglês, espanhol, francês e alemão. Tornou-se um dos principais nomes do Realismo.

José Feliciano Fernandes Pinheiro (Visconde de São Leopoldo)
Jurista e escritor foi um grande representante da tradição política brasileira e essencial para a implantação das faculdades de direito no país. Em 1823 discursou a favor da criação de uma universidade no Brasil já que, na época, não existia universidades no país. Foi deputado das cortes da nação portuguesa por São Paulo, deputado da Assembleia Constituinte de 1823, presidente da Província do Rio Grande do Sul e membro do Conselho do Império. Como ministro da Justiça, em 1827, criou as Faculdades de Direito de São Paulo e Olinda. Fundou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Leonel de Moura Brizola
Político gaúcho atuou em defesa dos interesses nacionais e dos trabalhadores. Primeiro no PTB e, em seguida, no PDT, partido criado por ele. Foi um grande opositor da ditadura militar, o qual combateu no exílio. Elegeu a educação como pilar central de suas administrações, foi um crítico ferrenho do domínio das oligarquias midiáticas e um dos grandes representantes da luta pelos direitos humanos. Brizola foi o único político eleito democraticamente para governar dois Estados diferentes, em toda história do Brasil: Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, por duas vezes. Iniciou movimento conhecido como Campanha da Legalidade, em 1961, considerada um marco cívico-popular em defesa da democracia, que apoiava a subida de João Goulart à presidência e utilizava as rádios para transmitir discursos contra os que apoiavam o golpe militar. As palavras que proferiu ao negar encontrar-se com militares, antes de um iminente ataque ao palácio Piratini (RS), reuniram cerca de 50 mil pessoas na Praça da Matriz, em Porto Alegre: “Não nos submeteremos a nenhum golpe. Que nos esmaguem. Que nos destruam. Que nos chacinem nesse palácio. Chacinado estará o Brasil com a imposição de uma ditadura contra a vontade de seu povo. Esta rádio será silenciada. O certo é que não será silenciada sem balas. Resistiremos até o fim”. A campanha adiou o golpe militar até 1964.

Luís Gonzaga Pinto da Gama (Luiz Gama)
Importante líder abolicionista, jornalista e poeta brasileiro ficou conhecido como “advogado dos pobres, libertador dos negros”. Aos 10 anos foi vendido pelo próprio pai como escravo, no Rio de Janeiro, para pagar uma dívida de jogo. Aos 18 anos fugiu para São Paulo, alistou-se na Força Pública da Província e tentou ingressar no curso de Direito na Universidade de São Paulo e foi hostilizado por ser negro. Não concluiu o curso, mas, com o conhecimento adquirido no período, atuou na defesa de negros escravos tornando-se um dos grandes lideres abolicionistas do país. Sua oratória e conhecimentos jurídicos permitiu a soltura de mais de 500 escravos.

Maestro Antônio Carlos Gomes
Autor da ópera O Guarani, inspirada no romance do escritor José de Alencar, foi um dos maiores compositores brasileiros. Compôs também as óperas “Fosca” e “O Escravo”, consideradas obras-primas. Sua arte musical foi responsável por levar ao mundo a cultura brasileira.

Maria Felipa de Oliveira
Heroína negra da Independência do Brasil na Bahia. Natural da Ilha de Itaparica tinha a função de observar a movimentação das caravelas e, em seguida, passar as informações para o Comando do Movimento de Libertação. Cansada do papel de vigia, entrou em combate e liderou um grupo de cerca de 200 pessoas, entre mulheres negras e índios, responsáveis por queimar mais de 40 embarcações portuguesa. Essa ação foi decisiva para a vitória sobre os portugueses em Salvador.

Maria Quitéria de Jesus Medeiros
Heroína brasileira que lutou no reconhecimento da independência. Era audaciosa, destemida e possuía habilidades com armas. Foi a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro e lutava disfarçada de homem no batalhão dos “Voluntários do Príncipe Dom Pedro”. Seu desempenho era tão grandioso que, mesmo após ser descoberta, continuou na função e participou de vários combates como na defesa da Ilha da Maré, da Pituba, da Barra do Paraguaçu. Foi agraciada, no Rio de Janeiro, com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul, entregue pelo próprio Imperador Dom Pedro I que escreveu uma carda direcionada a seu pai, pedindo a ele que perdoasse a filha por ter fugido de casa e se alistado no exército.

Martim Soares Moreno
Militar português considerado o fundador do estado do Ceará. Desbravou o Oceano Atlântico em direção à colônia portuguesa nas Américas diversas vezes, foi além do conhecido, explorou os territórios do Ceará, Pará e Maranhão e, por sustentar uma relação amigável com os habitantes locais ao assimilar os modos de vida e linguagem desse povo, inspirou o escritor Jose de Alencar a escrever o conhecido romance Iracema onde foi retratado como o “guerreiro branco de Iracema”.

Miguel Arraes de Alencar
Natural do Ceará construiu carreira política em Pernambuco e representa uma das maiores figuras da esquerda brasileira. Foi um líder carismático que empolgava multidões. Durante o período da ditadura militar, foi preso e exilado na Argélia, onde permaneceu por 14 anos. Com mais de 50 anos na política nacional, destacou-se na defesa das classes menos favorecidas da população como os camponeses e trabalhadores rurais. Arraes manteve uma relação próxima ao povo do sertão com iniciativas para mudar a realidade daquela população humilde. Impôs o “Acordo do Campo” que obrigava os usineiros a pagar salário mínimo aos trabalhadores rurais, historicamente explorados. Um dos poucos políticos que esteve sempre ao lado do povo e nunca se afastou.

Rui Barbosa
Advogado, jornalista, jurista, político, diplomata, ensaísta e orador, representou o Brasil na Conferência de Haia e ficou reconhecido como “O Águia de Haia”. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras e seu presidente entre 1908 e 1919. Um dos mais importantes abolicionistas, Rui atuou na Campanha Abolicionista em prol da libertação dos escravos.

Sóror Joana Angélica de Jesus
Religiosa baiana que foi assassinada defendendo o Convento da Lapa, no centro de Salvador, contra soldados portugueses. Entrou para o convento aos 21 anos de idade, no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em 1782. No ano seguinte, ingressou, como irmã, na Ordem das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição e passou a se chamar Joana Angélica de Jesus. Foi escrivã, mestra de noviças, conselheira, vigária e, finalmente, abadessa. No ano de 1822, soldados portugueses chegaram à cidade de Salvador promovendo saques e ataques às casas dos moradores. Ao se dirigirem ao Convento da Lapa, encontraram Joana Angélica no prédio resistindo à entrada da tropa. Morreu a golpes de baioneta tornando-se mártir na luta pela independência do Brasil na Bahia.

Zuleika Angel Jones (Zuzu Angel)
Foi uma das mais importantes estilistas do país e ficou conhecida por defender as raízes e riquezas brasileiras em suas criações. Após o sequestro e morte do filho, pela ditadura militar, transformou sua moda em protesto. Ao descobrir as torturas que o jovem foi submetido, utilizou as passarelas para denunciar, à imprensa nacional e estrangeira, as torturas, a morte e ocultação do cadáver de Stuart (seu filho). Ela não se intimidou frente ao regime militar e usou a sua arte como forma de protesto contra o autoritarismo do regime vigente na época.

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