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segunda-feira 21 de agosto de 2023 às 18:50h

Reunião dos Brics coloca Brasil e China em busca de aliados em momento de mundo dividido

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia pessoalmente esta semana o processo de reaproximação entre o Brasil e a África, continente deixado de lado pelo governo de Jair Bolsonaro. Na primeira etapa da viagem, Lula participa da cúpula do Brics. O evento acontece entre esta terça-feira (22) e quinta-feira (24) na África do Sul, país que passou a integrar o grupo em 2011, juntando-se a Brasil, Rússia, China e Índia. E Pequim está procurando fortalecer suas próprias alianças entre nações da África, América Latina e partes da Ásia que tradicionalmente desconfiam dos EUA.

Além dos países sócios do Brics, o encontro contará com a participação de cerca de 40 chefes de Estado e de governo de países africanos. Um dos principais temas da pauta será a ampliação do número de integrantes do Brics, algo que não encontra unanimidade entre os sócios. Lula já chegou a manifestar sua simpatia por uma eventual expansão e há chance de que outros países africanos possam se candidatar. Os critérios exigidos para a entrada de novos sócios é um dos temas que estarão em discussão entre os presidentes durante o encontro.

O aprimoramento das relações passa pela ampliação não apenas dos negócios e parcerias, mas do número de representações diplomáticas. O governo brasileiro planeja abrir uma embaixada em Ruanda e reabrir as de São Vicente e Granadinas e Serra Leoa, além de instalar um escritório da Agência Brasileira de Cooperação em Adis Abeba, na Etiópia.

Do outro lado, o presidente da China, Xi Jinping, vai à África do Sul para a cúpula dos Brics, com os países membros do grupo abertos ao cortejo de Pequim. Xi participará pessoalmente, com o presidente russo, Vladimir Putin, fazendo aparição em vídeo devido ao receio de ser preso devido a indiciamento do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que o grupo “injetaria estabilidade e energia positiva no mundo de hoje”.

As agências internacionais de notícia reforçam que a cúpula se assemelha uma Guerra Fria, opondo os líderes dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Agora, esses dois países, deixando de lado as rixas de longa data, estão se unindo aos EUA para apresentar uma frente unida contra Pequim. Em uma cúpula organizada pelo presidente Biden na sexta-feira, as três nações se comprometeram a realizar exercícios militares anuais e medidas para proteger suas economias das ameaças chinesas.

O Japão e a Coreia do Sul, com amplo comércio com a China, adotaram uma postura mais dura em relação a Pequim neste ano devido às restrições dos EUA e preocupação com os movimentos chineses. Tóquio criticou exercícios militares conjuntos entre China e Rússia, que incluíram uma flotilha navegando pelo arquipélago japonês.

A agência de notícias estatal da China “Xinhua”, denunciou os EUA por tentar “impulsionar uma tentativa desesperada de salvar seu poder hegemônico”. A “Xinhua” disse que o Japão e a Coreia do Sul se tornariam os cordeiros sacrificados dos EUA e seriam rejeitados como aliados dos americanos. “Ao semear a divisão e intensificar a oposição, o encontro representa uma jogada perigosa que pode ressuscitar o espectro da Guerra Fria”.
Esse é o pano de fundo da cúpula das nações do Brics marcada para começar na terça-feira em Joanesburgo, onde também estarão presentes outros líderes africanos.

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