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segunda-feira 21 de agosto de 2023 às 06:38h

‘O plano de governo de ACM Neto deveria ser utilizado por Jerônimo Rodrigues’, avalia Heraldo Rocha

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O ex-deputado Heraldo Rocha (União Brasil), que teve cinco mandatos na Assembleia Legislativa (1991-2011), avaliou em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, que ACM Neto, de seu partido, não foi derrotado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), nas eleições de 2022. Segundo ele, o ex-prefeito de Salvador “perdeu para o sistema”. O juízo é o mesmo do próprio Neto, como o próprio já expôs em entrevistas. 

Tribuna – Qual a sua avaliação geral da gestão de Bruno Reis à frente da Prefeitura de Salvador? 

Heraldo Rocha – Bruno tem se destacado pelos programas sociais de inclusão social, principalmente ele tem atuado com muita firmeza no projeto que eu considero um dos melhores projetos que eu já vi na área social, que é o Morar Melhor. Antigamente, quando nós começamos a trabalhar problemas de habitação da comunidade, era retirar as famílias da comunidade. Hoje, não. Hoje as pessoas permanecem em suas casas, e eu acho o Morar Melhor um projeto especial. Além disso, ele tem se destacado por atuar em uma crítica que faziam antigamente que diziam que nós só atuávamos na Barra ou na Pituba; hoje ele atua nos bairros periféricos, qualquer bairro que você visitar, seja no Subúrbio Ferroviário, seja nas áreas de comunidades periféricas, tem um programa social. Seja no esporte, seja cultura, seja lazer, que com essa implantação dos campos de futebol, de praças. Eu acho fundamental no social são esses projetos de esporte, lazer, cultura, o Morar Melhor, a área de educação, de saúde, esses programas de atendimento aos bairros são muito importantes. Então eu considero a gestão de Bruno excelente. Estou falando isso não como filiado ao partido, mas, como diz o meu filho, como representante do quarto ciclo de vida, que conhece Salvador com a palma da minha mão. O terceiro setor, que é um setor importante, de parceria com o poder público, também é muito bem atendido pela gestão de Bruno Reis.  

Tribuna – Como o senhor vê essas discussões em torno da disputa pela vice de Bruno Reis? E ele chega forte para disputar a reeleição? 

Heraldo Rocha – Primeiro lugar, acredito que Bruno esteja realizando uma gestão excelente. As pesquisas mostram a verdade. Em segundo, pergunto às pessoas o que elas estão achando. Eu vivo em duas comunidades periféricas, em Itapuã e Pero Vaz. Acredito muito na administração da comunidade, Bruno vai até a comunidade, ele é parceiro da comunidade, participa do corpo a corpo, essa estratégia que eles traçam é muito importante. Eu, quando fui secretário, não ficava em meu gabinete, eu ia para a comunidade. Fui secretário de Justiça e dos Direitos Humanos e eu ia para o presídio para ver os problemas, então acredito que essa metodologia, esse modus operandi da gestão de Bruno, é muito importante. Uma coisa que me chama atenção, e que chama a atenção também da população, é essa atividade, por exemplo, corridas de bicicleta. Estou caminhando agora por determinação médica e você caminhar, as pessoas criaram um espírito de cuidado com a saúde, isso tem também na gestão. Outra coisa fundamental, inclusive a Bahia sabe da situação da segurança pública que nós vivemos, é a iluminação. A cidade está sendo transformada em Paris, a cidade luz. Salvador tem sido iluminada. Você anda à noite pelas ruas e você vê. Isso é um combate à violência, é um fator que diminui a violência. Então vejo uma gestão. Quanto à vice, também quero ser vice. Com 81 anos de idade. Quem não quer ser vice de Bruno? Vou dar um depoimento sobre Ana Paula Matos. Ela tem sido uma vice-prefeita que, se eu fosse prefeito, iria gostar de ter. Time que se ganha, não se mexe. Ela é muito competente. Ela é muito leal. As pastas que ela assumiu, ela assumiu com muita gestão. Ela está na Saúde, uma pasta muito difícil. Considero a Saúde a pasta mais difícil de uma gestão. Falo de cadeira pois sou médico. Ela tem desenvolvido um trabalho fora de série. O interior da Bahia não tem saúde. Vou dar o exemplo de duas cidades. Santo Amaro da Purificação, a 40 minutos daqui de Salvador, todos os pacientes de Santo Amaro vêm para Salvador. Uma gestante de risco tem que vir para Salvador. Outra cidade que conheço, em Baixo Sul, é Valença. Todo paciente grave de Valença tem que vir para Salvador. E cai onde? Na UPA de Salvador, na rede pública de saúde de Salvador. Então, na verdade, a gestão da saúde de Salvador é muito difícil. Ana Paula tem realizado com muita competência. Para que mudar? Não vejo necessidade. 

Tribuna – Como o senhor vê hoje o papel e a importância da inserção de ACM Neto na conjuntura política nesse ano?  

Heraldo Rocha – ACM Neto é uma grande liderança nacional. Ele tem um passado histórico. Foi um deputado federal muito bem avaliado, teve um papel importante em nosso partido, o União Brasil. É secretário do partido e presidente da Fundação Índigo. Ele teve uma eleição que foi para o segundo turno. Toda eleição que você perde, há uma série de fatores, não há um fator só. O sistema. Ele perdeu para o sistema. Ele não perdeu para o candidato A nem para o candidato B. Perdeu para o sistema. O sistema é que derrotou ele. E hoje ele continua se destacando, tem uma proposta para a Bahia muito importante. O plano de governo de Neto tem que ser utilizado, o próprio governador [Jerônimo Rodrigues] deveria ler o plano de governo de Neto. Com a descentralização da gestão administrativa, isso é fundamental para a Bahia. A Bahia cabe a França. A Bahia é um país de 417 municípios e a proposta de Neto para a Bahia, de descentralização da gestão administrativa, o que ele fez com a Prefeitura, que é a subprefeitura, que é outro item importantíssimo. Você visitar um segmento de uma subprefeitura, esse modelo se você transformar ele e adequar para o estado, uma pessoa de Barreiras ou de Luís Eduardo Magalhães, que para resolver problemas tem que vir para Salvador, a gestão pública de saúde que centralizou aqui na regulação, tem que ser descentralizada. É fundamental a descentralização da gestão administrativa do Estado. Então ele é um líder. Um líder que se preparou para a liderança. Neto é estudioso da política pública brasileira e baiana.  

Tribuna – Aproveitando a sua resposta, sobre ACM Neto ter perdido para o sistema, em sua avaliação, a que o senhor atribui a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro e por que o considerava, na ocasião das eleições, a melhor opção dentre todos os outros candidatos? 

Heraldo Rocha – Eu não falo Bolsonaro. Não existe no Brasil direita ou esquerda, quando vejo os cientistas políticos falando em esquerda, não existe esquerda. Existe o governista. Você passou para o lado de Jerônimo você é governista, você não tem formação partidária, os nossos partidos ainda precisam ser consolidados na sua ideologia, na sua proposta de trabalho, então na verdade o Bolsonaro foi uma bolha. E que fez uma posição que o sistema que estava em torno de Bolsonaro teve uma votação muito boa. Ora, o grupo do Lula já vinha há 16 anos. Foi Jerônimo que ganhou a eleição ou foi o sistema que ganhou a eleição? Ninguém nem sabia quem era Jerônimo, mas o sistema que ganhou a eleição. É como o caso de Bolsonaro. Eu, por exemplo, como deputado de cinco mandatos, tive uma vida na política muito intensa, eu não conhecia o Jair Messias Bolsonaro. E ele foi deputado. Eu não votei em Lula, votei em Bolsonaro, mas não votei porque Bolsonaro era de direita, votei porque eu não voto no PT. 

Tribuna – O que acha dos primeiros meses de governo Lula? O senhor acredita que o governo conseguiu encontrar o rumo?

Heraldo Rocha – Em primeiro lugar, Lula não está governando. Ele está viajando. Hoje mesmo ele está na África do Sul. Hoje, o nosso Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e o Senado se tornaram muito fortes. Tudo o que eles falavam no passado está acontecendo no presente. Eles têm que negociar com o Congresso. Hoje um deputado federal ou um senador tem independência. Eles estão negociando, o Lula está negociando para votar os seus projetos. A parte da economia está funcionando bem, nós estamos tendo respostas, mas muito precoces. Se nós aprovarmos, se Deus quiser, o arcabouço fiscal, se nós aprovarmos a reforma tributária, porque a reforma tributária ainda não foi aprovada… Os reflexos da reforma vão surgir daqui a quatro ou cinco anos. Precisamos de uma reforma administrativa urgentemente, precisamos de uma reforma política, essas quatro são reformas bases, padrão. Então eu acredito que Lula ainda não está governando. E outra coisa, tudo o que passou, acabou. Ontem vi o ministro Flávio Dino, que é o grande porta-voz do governo Lula, porque é Flávio que fala tudo… Ele manda prender, manda soltar, o delegado especial. Ele não é um ministro da Justiça. Qual a política pública? Qual o planejamento estratégico do governo federal para a segurança pública? Qual? Eu deixo essa pergunta no ar. Segurança pública não é só colocar viatura na rua ou dar arma para policial. Segurança pública é, primeiro, qualificar o profissional, dar um excelente salário. Em terceiro, fazer um planejamento. Existe um planejamento estratégico ou a polícia está sendo jogada para apagar fogo? Tem que ter um início, um meio e um fim. A polícia da Bahia é excelente. Tanto a civil quanto a militar. São polícias de altíssimo nível. Você ouve os majores, os capitães, você percebe a segurança de ambos. Mas existe a necessidade de um planejamento estratégico. Nós estamos hoje refém da violência. A Bahia é refém da violência. Nós estamos no quinto ano consecutivo com problemas na segurança pública. Ontem que ouvi o governador (a quem a gente tem o respeito, é o nosso governador. Não votei, mas é o nosso governador) dizendo que vai formar um grupo. Ele tem que ter um comitê de risco. Comitê de risco onde envolva vários setores dos seguimentos que atuam na segurança pública, para que haja um processo coordenado, e ele tem que assumir a coordenação da segurança pública. 

Tribuna – O senhor acha que essas recentes operações contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro tendem de alguma forma enfraquecer o chamado ‘bolsonarismo’ na conjuntura política?  

Heraldo Rocha – Em política (veja o exemplo de Lula), não se deve fazer medidas radicais. Você sabe que o mártir sempre se destaca. Então acho que esse tipo de ação… Estão promovendo ele [Bolsonaro]. Gosto de política. Ontem eu estava dizendo para uma pessoa que estava comigo, que aprendi com o grande Antônio Carlos Magalhães, meu líder inesquecível, que informação é a coisa mais importante. Você precisa de informação. E vejo o seguinte: só se fala em Bolsonaro. Só vejo falar em joias de Bolsonaro, eu não sou Bolsonaro. Eu sou um político conservador e que quero o bem do nosso país, quero que a economia dê certo, quero que a saúde dê certo, tenho os meus filhos e meus netos, então já passei da fase de emoção. Tenho que usar a razão. A minha fase de emoção já passou. Nós queremos que o Brasil cresça, que o Brasil se consolide. Acho essa política externa de Lula importante, desde que não se radicalize esquerda ou direita, mas a viagem dele é importante. Fico triste quando escuto as pessoas comentando que Lula está gastando determinado valor. Ele está viajando. É importante viajar. É importante fazer essa política externa. É importante lutar pela preservação da Amazônia, do sistema sustentável. Tudo isso é uma mudança de paradigma que é muito importante para o país. Tem seus defeitos e suas qualidades. Todo governo tem defeitos e qualidades. Ninguém tem só qualidade.

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