— Pretendo agendar um encontro com o ministro para me apresentar como novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid e demonstrar a boa vontade do meu cliente em relação às investigações da Polícia Federal. Ele terá uma postura colaborativa, mas tome cuidado com essa palavra. Não podemos confundir isso com a intenção de realizar qualquer acordo de delação premiada, porque repito sempre que isso não está nos nossos planos — disse, a Paolla Serra, do jornal O Globo.
O advogado contou ter tido, na tarde deste sábado, o segundo encontro com Mauro Cid, no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, onde o ex-ajudante de ordens está preso preventivamente há quatro meses:
— Passei mais algumas horas com ele e ele segue bem, forte e firme. Como militar, teve uma boa preparação para passar por situações adversas. Mesmo preso, segue praticando exercícios, lendo e confiante em sua nova defesa.
Bitencourt disse que, após a visita ao tenente-coronel, se reuniu com sua família, tendo o primeiro contato com o pai do militar, o general Lorena Cid.
— Ele (o general Lourena Cid) está muito tranquilo e também confiando na nova defesa. Não adiantei para ele qual será a nossa estratégia porque isso só diz respeito a mim e ao meu cliente. Mas é claro que, como ele também está sendo investigado, se necessário for, também serei seu advogado — disse.
Na última terça-feira, Bitencourt disse ao jornal O Globo que Mauro Cid pretende prestar um novo depoimento assumindo as negociações para revenda de um relógio Rolex, recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem oficial.
— Mauro Cid vendeu o relógio a mando do Bolsonaro com certeza e entregou o dinheiro a ele — contou. — Os 35 mil que entraram na conta do pai dele era parte do pagamento que ele deu ao ex-presidente.
Na última sexta-feira, em entrevista à GloboNews, Cezar Bitencourt informou que essa suposta “confissão” está restrita ao Rolex e não às demais joias cujo destino é investigado pela PF. Ele também disse que o pagamento pode ter sido entregue por Cid a Bolsonaro ou à então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Na semana passada, também em entrevista ao GLOBO, Cesar Bitencourt afirmou que a carreira de Mauro Cid foi marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” dentro do Exército. Terceiro criminalista a assumir a defesa do ex-ajudante de ordens, ele disse que o oficial “sempre cumpriu ordens” e isso pode, inclusive, “afastar a culpabilidade dele” em investigações sobre o suposto desvio de joias do acervo presidencial e ainda sobre a suposta fraude em cartões de vacina:
— Então ele assumiu que errou, quer fazer mea-culpa e eu prometi que vou proteger ele, vou acompanhar. São coisas muito complicadas, ele precisa se sentir seguro. Ele vai assumir a responsabilidade da parte dele e o resto é consequência. Cada um com seus próprios problemas.