Os técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já têm uma explicação segundo a coluna de Malu Gaspar, do O Globo, para o apagão que atingiu diversas regiões do país durante seis horas.
De acordo com essa explicação, que está sendo prestada a executivos da Aneel e de empresas de energia e ainda deve ser divulgada oficialmente, um software de proteção chamado ERAC (sigla para Esquema Regional de Alívio de Carga) desligou o sistema diante de uma brusca alteração de carga.
Esse software detecta quando há sobrecarga ou um déficit acentuado e tranca a linha de transmissão para que essas alterações não se espalhem pelo sistema, que é interligado em todo o Brasil.
O que os técnicos já sabem é que o ERAC desativou uma uma parte do sistema elétrico na manhã desta terça-feira quando se tentava transferir do Nordeste para o Norte do Brasil uma alta carga de energia.
Três fontes envolvidas na gestão da crise explicaram à equipe da coluna que, nessa hora, havia mais energia eólica e solar entrando na linha de transmissão do Ceará do que hidrelétrica e termelétrica, por exemplo.
A seguir, a frequência na rede caiu de 60 Hertz para 59 Hertz e depois para 58 Hz – o que significa que há mais carga do que a rede consegue suportar, o que poderia provocar sobrecarga.
Foi aí que o ERAC entrou em ação e desativou parte do sistema.
A razão pela qual o fornecimento demorou para ser retomado tem a ver com o fato de que a energia eólica e a solar precisam de um impulso de carga de outras fontes de energia para ganhar tração e serem distribuídos rapidamente – no exemplo adotado pelos técnicos, é um mecanismo semelhante ao das “chupetas” que se aplicam em baterias de carros para fazer com que elas funcionem.
Essa explicação torna mais improvável a hipótese de sabotagem, mencionada pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, na entrevista nesta tarde de terça.
Técnicos envolvidos na apuração do caso afirmam que a única forma de um sabotador causar tamanha alteração no sistema elétrico seria ter a conivência de funcionários do próprio ONS que tivessem acesso à operação do sistema como um todo e conseguissem provocar uma alteração tão brusca que levasse à ativação do ERAC.