Está agendado para esta terça-feira (15), às 14h, o depoimento de João Pedro Stédile na CPI do MST. Logo após a comissão ouvir o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o relator Ricardo Salles (PL-SP) deve apresentar seu relatório final, segundo o Estadão.
A CPI poderia funcionar até o dia 14 de setembro, e ser prorrogada por mais 60 dias, mas uma intervenção do governo Lula na composição do colegiado levou o comando da comissão a desistir de prorrogá-la. Na semana passada, partidos como Republicanos e União Brasil trocaram membros da comissão mais alinhados a Jair Bolsonaro por deputados mais amenos, do Centrão. Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-SP), cancelou a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Segundo o Estadão, o plano de Salles é submeter o relatório final a votação já nesta terça-feira. O documento deve pedir o indiciamento de cinco lideranças sem-terra envolvidas em invasões de propriedade e implicar também parlamentares do PT e do Psol. Após a mudança na composição da comissão, contudo, dificilmente um relatório mais contundente será aprovado.
A CPI do MST açoitou o governo Lula sessão após sessão, destacando desmandos de lideranças do movimento, por meio de depoimentos de ex-militantes sem-terra. Salles também fez diligências com o presidente da comissão, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), em fazendas ocupadas e assentamentos, para expor as inclinações ideológicas do movimento.
Não houve uma sessão tranquila da CPI, com trocas de ataques, acusações e ofensas constantes entre deputados da oposição e da base do governo, em especial entre o comando da CPI e os deputados Sâmia Bomfim (Psol-SP) e Marcon (PT-RS).
O depoimento de hoje, de Stédile, foi solicitado por Kim Kataguiri (União-SP). “Suas declarações públicas e a realização de invasões de terra e ocupações podem levantar questões sobre possíveis ilegalidades”, justificou o deputado. No início deste mês, a comissão ouviu o líder da Frente Nacional de Luta, José Rainha Júnior, que chegou a ser ameaçado de prisão por causa de contradições em suas respostas.