O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez acenos a adversários políticos nesta última sexta-feira (11), durante a cerimônia de lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Theatro Municipal do Rio. Sinalizando incômodo desde o início do evento com vaias dirigidas ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL) — que ouviu apupos de apoiadores do presidente nas quatro vezes em que foi mencionado –, Lula deu um puxão de orelha no público e pediu uma postura “civilizada”.
— A gente vai ter que aprender algumas lições. Quando fazemos ato como esse, não é para nós do PT. Esse ato é para a sociedade brasileira. Temos que compor com as pessoas que fazem parte da sociedade — afirmou Lula.
Lula aproveitou também para fazer gestos ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que chegaram a receber algumas vaias do público, embora em volume significativamente menor do que as dirigidas a Castro. Antes de se referir a Lira e Caiado, Lula disse que ficaria “deprimido” se fosse vaiado da mesma forma que o governador do Rio.
O presidente disse que Lira é “adversário político desde que o PT foi fundado”, numa referência à polarização política em Alagoas – onde o presidente da Câmara rivaliza com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado de Lula.
— Vamos pegar o exemplo do Arthur Lira. É nosso adversário político desde que PT foi fundado. E vai continuar sendo. Mas quando termina a eleição e cada um assume seu posto, ele não está aqui como Arthur Lira, está como presidente de uma instituição. Não é o Lira que precisa de mim. Eu é que, para muitos projetos apresentados por nossos ministros, preciso dele para colocar em votação — declarou.
Falando de improviso antes de iniciar seu discurso sobre o novo PAC, Lula também pregou respeito a Caiado, recordando os embates entre o atual governador de Goiás, com base eleitoral ligada ao agronegócio, e o PT durante os trabalhos da Assembleia Constituinte de 1987. Lula e Caiado também foram adversários nas urnas, na eleição presidencial de 1989, vencida por Fernando Collor de Mello.
— Eu e Caiado temos oposição desde 1989, aliás, desde a Constituinte, quando ele representava o agronegócio que naquele tempo não se chamava assim. Mas temos que nos encontrar de forma civilizada, (falar) “tudo bem, Caiado, vamos tomar uma cerveja?” — falou Lula.