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Comitê de Política Monetária. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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quarta-feira 2 de agosto de 2023 às 09:26h

Entrada de diretores indicados pelo governo amplia apostas de divisão no Copom

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A entrada de membros indicados pelo governo no Banco Central ampliou as chances de que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) será dividida e levanta dúvidas acerca da possibilidade de o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, costurar um consenso. Uma pesquisa realizada pela BGC Liquidez, adiantada por Gabriel Roca, do jornal Valor, mostra que a perspectiva do mercado sobre o voto do dirigente do BC é bastante dividida, ainda que mais inclinada a uma redução menor dos juros.

O levantamento, feito com 112 participantes do mercado, entre gestores de fundos, operadores de renda fixa, economistas e estrategistas de investimentos, mostra que Campos é percebido como menos conservador que outros integrantes do colegiado, como a diretora de assuntos internacionais, Fernanda Guardado, e o diretor de política econômica, Diogo Guillen.

Pela sondagem, 58% dos participantes esperam que Campos opte por um corte de 0,25 ponto percentual, ante 40% dos que imaginam que ele votará por um corte de 0,50 ponto.

Outros três diretores são percebidos como mais “duros” que o presidente do BC. Os dados trazem que 88% dos entrevistados esperam que Guardado opte por um corte de 0,25 ponto e 77% que Guillen vote pela redução mais conservadora. Na sequência, 66% avaliam que o diretor de organização do sistema financeiro e de resolução, Renato Gomes, decidirá pelo corte menos intenso.

“Já existia entre os participantes do mercado uma percepção que os diretores mais duros são a Fernanda e o Diogo e a pesquisa captou isso. É natural e esperado que o presidente do comitê sempre tente costurar um consenso, portanto existe a dúvida de como o presidente atuará e para qual lado ele penderia”, afirma o estrategista-chefe da BGC Liquidez, Daniel Cunha.

Segundo ele, a expectativa capturada é a de que ele se alinhe aos diretores mais antigos e opte por uma decisão mais conservadora. “Mas vale ressaltar que se trata de um resultado apertado, o que reforça a percepção do mercado de que teremos uma decisão não unânime e que caberá a Campos Neto ter o voto de minerva, dado que sua decisão deverá influenciar diretores mais de centro”, afirma.

Para Cunha, por mais que o presidente do BC costume dizer que é apenas um voto de nove, “na prática, o voto dele tem mais peso, em especial, nesta reunião de agosto”.

Por outro lado, a percepção é a de que os recém indicados pelo governo optem por uma redução de 0,5 ponto percentual. Parcela de 78% dos entrevistados espera que Ailton Aquino, diretor de Fiscalização, defenda a redução maior da Selic, enquanto 88% veem o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, votando pelo 0,5 ponto.

“É a primeira vez que iniciaremos um ciclo de juros com um BC independente, cujo presidente da autoridade não foi um indicado do presidente da República e com dois diretores que foram apontados pelo governo eleito nas últimas urnas estreando no Copom.”

Trata-se de uma evolução institucional, diz. “Em relação a outros ciclos, aumenta a chance de uma decisão não unânime, bem como o surgimento de discursos mais individuais dos diretores, compartilhando ideias e visões de cenário que não necessariamente refletem a opinião do comitê”, afirma.

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