Indicada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para um cargo nos Estados Unidos, a economista Martha Seillier, mãe da filha do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), é servidora pública de carreira e já ocupou diversos postos na esfera federal. No início do governo de Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio e pai de Carlos, ela se tornou a primeira mulher a assumir o comando Infraero, tendo ficado no cargo até julho de 2019.
Na sequência, ela foi realocada para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), departamento do governo que cuida das privatizações e concessões. Seillier já havia atuado como secretária especial do órgão durante o governo Michel Temer, que criou a estrutura, período no qual trabalhou com Tarcísio.
Seillier é alinhada de primeira hora do bolsonarismo e participou, em Brasília, dos atos de 7 de Setembro, em 2021. Na ocasião, postou um vídeo em suas redes sociais com a hashtag “Supremo é o Povo”, usada por apoiadores do então presidente para pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e o impeachment de ministros da Corte.
No início de 2020, ela se envolveu em uma polêmica ao ser uma das três pessoas a bordo de um jato exclusivo da FAB que foi de Davos, na Suíça, para Nova Delhi, na Índia, onde Bolsonaro cumpria agenda. O episódio levou à demissão do secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini.
Em maio de 2022, a economista foi nomeada para a diretoria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington, em uma indicação do então ministro da Economia, Paulo Guedes. Ela deixou o cargo em fevereiro deste ano, já durante o governo Lula, e deu à luz sua filha com Carlos pouco depois.
A notícia sobre o convite para que Seillier chefie o escritório da agência de fomento InvestSP nos Estados Unidos foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo. A negociação para o cargo, cuja remuneração é de 9 mil dólares (cerca de R$ 43,1 mil), ocorre há ao menos duas semanas, diz a publicação. Ela, entretanto, ainda não respondeu se aceita a oferta, segundo o próprio chefe do executivo paulista.
Segundo a Folha, a escolha por Seillier teria ocorrido a pedido de Jair Bolsonaro. Tanto o governador quanto o ex-presidente negam a existência dessas tratativas.
— Bolsonaro não pediu absolutamente nada — assegurou Tarcísio nesta terça-feira.
O governador frisou que conheceu Seillier antes mesmo do ex-presidente, durante o governo Temer, quando os dois estiveram no PPI, além da atuação conjuntão na própria gestão Bolsonaro. De acordo com Tarcísio, Seillier fala três idiomas e conduziu “vários processos de privatização”:
— Eu tive a ideia de oferecer para ela uma vaga para ser a embaixatriz do nosso programa de investimentos nos Estados Unidos porque temos uma vaga e não temos uma pessoa qualificada. Houve algum pedido do presidente? Zero. Nunca houve.
O ex-ministro da Infraestrutura reforçou que o convite foi em razão de competência.
— Não podemos ter essa visão preconceituosa. Ela não está precisando de favor de ninguém — concluiu.