O presidente Lula (PT) discursou nesta última segunda-feira (31) na cerimônia de sanção da Lei do Programa Escola em Tempo Integral. Ao falar dos governos passados, o petista equiparou as gestões dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL) em suas críticas ao afirmar conforme registra Robson Bonin, da coluna Radar, que ambas seriam responsáveis pelo “número crescente de crianças e adolescentes nos semáforos, pedindo esmola ou vendendo balas”.
“Entre tantos males que esses seis anos de desgoverno legaram ao país, um deles em especial me encheu de indignação e tristeza: o número crescente de crianças e adolescentes nos semáforos, pedindo esmola ou vendendo balas, quando deveriam estar na escola”, disse Lula.
O MDB de Temer é hoje um dos principais aliados do governo petista e teve papel fundamental na vitória de Lula sobre Bolsonaro no segundo turno de 2022. Para o petista, a gestão do partido é responsável pelo “descaso e o abandono” imposto ao povo brasileiro.
“Aquelas crianças e aqueles adolescentes simbolizavam o descaso e o abandono a que foi submetido o povo brasileiro nos últimos seis anos. O grande motivo que me levou a disputar pela terceira vez a Presidência da República”, disse Lula.
O petista disse ainda que seu governo “luta em defesa da democracia e em defesa da educação” e novamente acusou os governos de Temer e Bolsonaro. “A democracia sofreu um grave ataque no dia 8 de janeiro, e a educação esteve sob ataque permanente nos últimos seis anos.”
Leia a íntegra do discurso do petista:
“Entre tantos males que esses seis anos de desgoverno legaram ao país, um deles em especial me encheu de indignação e tristeza: o número crescente de crianças e adolescentes nos semáforos, pedindo esmola ou vendendo balas, quando deveriam estar na escola.
Eu olhava para aquelas crianças e adolescentes e pensava em quantos talentos desperdiçados, em quantos futuros comprometidos havia ali, pela falta de estudo e pela falta de oportunidades.
Aquelas crianças e aqueles adolescentes simbolizavam o descaso e o abandono a que foi submetido o povo brasileiro nos últimos seis anos. O grande motivo que me levou a disputar pela terceira vez a Presidência da República.
Era preciso combinar, novamente, crescimento econômico com inclusão social. Voltar a gerar empregos e oportunidades. Acabar de novo com a fome. Trazer de volta as políticas públicas que tiraram 36 milhões de pessoas da extrema pobreza. E fazer outra vez da Educação uma das principais prioridades desse país.
Esta solenidade de hoje é mais uma confirmação do compromisso que começamos a cumprir no primeiro dia do nosso governo.
É com a universalização do acesso à educação pública, e no aprimoramento da qualidade do ensino, que erguemos as bases de uma sociedade mais consciente, mais justa e menos desigual.
E é com a educação em tempo integral que avançamos ainda mais em direção ao país que precisamos reconstruir.
A escola pública de qualidade é o ponto de partida para que os filhos e filhas das famílias mais carentes tenham as mesmas oportunidades que as crianças e os adolescentes das famílias mais ricas.
Oferecer as mesmas condições de educação aos estudantes das escolas públicas e aos alunos das escolas privadas é combater a desigualdade social na raiz.
Sem oportunidades iguais para todos e todas não se pode falar em meritocracia. Não se mede o mérito de uma pessoa pela quantidade de dinheiro e privilégios que ela tem.
Com oportunidades iguais e acesso à educação pública de qualidade, todos e todas saem lado a lado da linha de partida – em igualdade de condições, em direção à chegada, que é o futuro.
Minhas amigas e meus amigos, é importante que se diga: oferecer ensino em tempo integral não é só deixar alunos e alunas na escola o dia inteiro.
É oferecer atividades complementares ao ensino formal que melhor desenvolvam as capacidades dos estudantes. É garantir os melhores estímulos intelectuais, culturais e psicossociais.
Queremos fazer das escolas um espaço onde as crianças e os adolescentes gostem e sintam vontade de estar.
A escola deve ser o ambiente que desperte não só o apreço pelos estudos, pelo conhecimento, mas também o gosto pelos esportes, pela cultura, pelo trabalho comunitário.
É sobretudo na escola que os talentos que o país precisa começam a florescer, seja na ciência, nas artes, na política, em todas as áreas do conhecimento humano.
Por isso, estamos investindo para que a escola seja o ambiente mais propício possível para essas descobertas.
Isso passa pela ampliação e reestruturação das escolas públicas, com a instalação de quadras poliesportivas, espaços culturais, laboratórios e demais equipamentos.
Também inclui a produção de material didático e a formação de recursos humanos para a educação em tempo integral.
Professoras e professores, tão importantes nesse processo, têm que ser valorizados nas suas condições de trabalho. Ninguém pode ensinar sem se sentir plenamente recompensando nessa missão determinante para o futuro dos jovens e do país.
Queridos amigos e amigas, Anísio Teixeira, um dos maiores educadores brasileiros e um dos criadores da escola pública, escreveu certa vez: “só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública”.
Quase um século depois, ainda lutamos em defesa da democracia e em defesa da educação. A democracia sofreu um grave ataque no dia 8 de janeiro, e a educação esteve sob ataque permanente nos últimos seis anos.
A um orçamento cada vez menor, vieram se somar o desmonte de inúmeros programas educacionais, além da onda de ódio propagada pelas redes sociais. Ódio que se concretizou na criminalização de professores e professoras, e até mesmo nos hediondos atentados nas escolas do país.
Desde a nossa posse, trabalhamos duramente para reverter esse quadro.
Em janeiro, concedemos reajuste de 14,95% ao piso salarial nacional dos professores e professoras da educação básica da rede pública.
Em fevereiro, reajustamos em até 40% os valores das bolsas de mestrado, doutorado, pós-doutorado, permanência nas universidades para alunos em situação de vulnerabilidade e formação de professores do ensino básico, que estavam congelados há dez anos.
Em março, aumentamos em mais de 37% o valor do repasse a estados e municípios para custear a alimentação escolar, que estava há seis anos sem reajuste.
Em abril, anunciamos o repasse de R$ 2 bilhões e 400 milhões de reais para recompor o orçamento de universidades e institutos federais, alvos preferenciais dos ataques do governo anterior à educação.
Também em abril, nos reunimos com ministros, governadores e representantes do Judiciário para anunciar a liberação de mais de R$ 3 bilhões de reais para estratégias de combate à violência nas escolas.
Em maio, iniciamos a retomada de 3.500 obras escolares que estavam paralisadas ou inacabadas.
E não descansaremos enquanto não consolidarmos definitivamente a educação como um investimento no futuro do Brasil e do povo brasileiro.
Meus amigos e minhas amigas, estimular estados e municípios a investirem no ensino em tempo integral é a reafirmação do nosso compromisso de oferecer uma educação de qualidade para todos e todas.
Governo Federal, governos estaduais e prefeituras, organizações da sociedade civil, parlamentares, trabalhadoras e trabalhadores, empresárias e empresários, professores e professoras, estudantes, todos e todas têm um papel extraordinários a desempenhar neste momento decisivo para a nação brasileira.
A educação é o espelho do desenvolvimento de um país. Queremos olhar nesse espelho e ver refletida uma sociedade que caminha para a construção de um país mais desenvolvido e mais solidário, com uma educação pública de qualidade, e livre de todas as formas de desigualdade.
Muito obrigado.”