O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, criticou a possibilidade de o Centrão ocupar o espaço de partidos aliados no governo. Para Casagrande, que é secretário-geral do PSB, legenda do vice-presidente Geraldo Alckmin, seria um “sinal ruim para a política” se Lula substituísse siglas que estiveram com ele desde a disputa eleitoral.
— O presidente Lula tem espaço para acomodar os partidos (do Centrão) sem precisar mexer na sua base fiel — afirmou Casagrande nesta segunda-feira, após participar de um evento em São Paulo. — É muito ruim (entregar um ministério do PSB). O PSB tem a vice-presidência da República, foi o partido mais estruturado que, junto com o PT, entrou logo na aliança. Deslocar partidos que estiveram com o presidente Lula desde o primeiro momento para dar lugar a partidos que não estiveram com ele é um sinal ruim para a política — avaliou.
Casagrande participou de um evento sobre os 10 anos da Lei Anticorrupção no Brasil promovido pelo Insper e pela Transparência Internacional. Em entrevista após a sua palestra, ele disse que considera “natural” a acomodação de lideranças do Centrão, dado que Lula assumiu a presidência com um Congresso investido de muito poder. Afirmou, ainda, que o petista precisa entrar “pessoalmente” nas negociações:
— Não pode ficar só terceirizando para ministro — declarou o governador.
Como mostrou O O Globo, Lula vai se reunir com caciques da Câmara nesta semana para colocar de pé a reforma ministerial e a entrada do PP e Republicanos no governo. As mudanças devem começar pela comando da Caixa Econômica Federal. A favorita a substituir Rita Serrano é a ex-deputada Margarete Coelho, aliada do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
O ministério dos Portos e Aeroportos, comandado por Márcio França (PSB), figura nas lista das pastas cobiçadas pelo Centrão, ao lado Ministério dos Esporte e Ciência e Tecnologia, cujas titulares são Ana Moser e Luciana Santos (PCdoB). Uma das possibilidades cogitadas por parlamentares seria deslocar França para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, hoje ocupado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, o que é tido como pouco provável por pessoas próximas a Lula.
Há duas semanas, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, falou ao O Globo sobre a possibilidade de seu partido perder espaço na reforma ministerial:
— Temos pessoas de grandes qualidades e experiência servindo ao governo e ao Brasil. Se o presidente desejar dispensar uma delas para ceder espaço para aqueles que apoiaram Bolsonaro no primeiro e segundo turnos, quem perderá será o nosso país. Isso é decisão do presidente Lula e não quero crer que ele deseja piorar a política brasileira — disse Siqueira.