O deputado federal Leo Prates (PDT) declarou em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, que torce pelo sucesso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e também do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
Falou também sobre a eleição em Salvador, e disse também que Lula pode ter alguma influência na campanha da capital. Ainda na entrevista, ele fala sobre a Reforma Tributária e faz um balanço dos seis meses de mandato.
Confira abaixo:
Tribuna – Qual sua avaliação sobre esses sete primeiros meses do governo Lula? O governo tem encontrado o rumo?
Leo Prates – Naturalmente esses primeiros meses são meses de ajuste do governo. Qualquer governo começa organizando a casa. Eu acho que o governo começou com erros e acertos, como é natural. O principal erro na nossa avaliação foi a articulação política, mas ele começa agora a organizar e a formar uma base sólida no Congresso – que eu acho que vai facilitar a vida dele. E o principal acerto tem se mostrado aí a economia, né? Veja os indicadores da economia, que começam a melhorar. A gente espera que o congresso possa contribuir. Eu volto a dizer: o presidente Lula ganhou a eleição e, a partir do dia que ele assumiu a Presidência da República, ele passou a ser o presidente de todos os brasileiros (e não só daqueles que votaram nele).
Tribuna – O texto da Reforma Tributária que saiu da Câmara e agora está no Senado, na sua avaliação é o ideal, de acordo com as necessidades do Brasil? O que o senhor acha do texto que foi aprovado?
Leo Prates – Olha, primeiro é preciso se dizer que a Reforma Tributária é uma reforma dos impostos de consumo. Então assim, para começar, ela ainda não é uma Reforma Tributária ideal e a que nós sonhamos, mas ela é a possível nesse momento. Acho que o governo acerta nisso. Eu acredito que o grande avanço dessa reforma do ponto de vista dos estados mais pobres, como a Bahia, é que ela passa a cobrar o imposto no local de consumo e não na mais na origem onde é produzido. Isso vai favorecer, no nosso entender, e muito a Bahia a longo prazo. Porém, ainda é uma reforma tributária longe da ideal. O texto que saiu da Câmara é um bom texto, mas você ainda tem que fazer ajustes né? Porque, logicamente, uma reforma tão profunda como essa reduz de cinco impostos para dois, mesmo se restringindo aos impostos de consumo – ICMS, ISS -, ainda é uma reforma profunda que simplifica, inclusive para o empresariado, melhorando o ambiente de negócios. Você logicamente não sai com o texto ideal e por isso que o Senado é na nossa Constituição a casa revisora. Por exemplo, no nosso entender, ainda precisa haver uma reestruturação do IBS e do CBS na questão dos profissionais liberais. A gente acha que pode ser aperfeiçoado pelo Senado e a gente espera que o Senado faça isso.
Tribuna – O ex-presidente Bolsonaro está inelegível. Apesar disso, o senhor acha que ele vai continuar como o líder da oposição nos próximos anos?
Leo Prates – Eu sempre disse isso: eu não eu não torço pela inelegibilidade, pela cassação de ninguém. Eu acho que a inelegibilidade e a cassação deve ser o último recurso, não o primeiro. Eu gosto de ganhar nas urnas, como nós fizemos no ano passado. Então, eu acredito que aí só as pessoas que seguem Bolsonaro que vão poder responder essa sua pergunta.
Tribuna – A oposição aqui na Bahia tem falado muito sobre a questão da violência nos últimos meses. O senhor acha que esse problema é de alguma forma né culpa do Governo do Estado?
Leo Prates – Eu não tenho por objetivo procurar culpados e nem desculpas. A nossa Constituição diz que a Segurança Pública é responsabilidade do Governo Federal e do Governo do Estado, principalmente no que tange a Bahia é do Governo do Estado. Eu acredito que, se os indicadores estiverem piorando, o Governo do Estado deve fazer as correções de rumos necessárias. Eu volto a dizer que temos seis meses ainda do governador Jerônimo. Ainda é muito pouco. Torço pelo sucesso dele, mas inegavelmente se você tem a piora dos indicadores de segurança pública você tem que fazer correções, né? O Governo do Estado já está aí no seu terceiro governador há 17 anos, por acertos em outras áreas – mas, logicamente, a segurança pública precisa ser revista. E eu volto a dizer: o que disse em relação ao presidente Lula, apesar de não ter voltado o governador Jerônimo de ser oposição a ele, torço pelo sucesso dele.
Tribuna – Como é que está o diálogo, deputado do PDT municipal em relação a 2024? Quais os planos do diretório municipal para o ano que vem?
Leo Prates – Primeiro a gente tem que estruturar o PDT forte. Bruno Reis fez um arco de alianças muito pujante, muito robusto. E isso, logicamente, no próximo ano haverá duas vagas – a de prefeito e a de vice – e Bruno Reis é o nosso candidato. Restando aí para o arco de alianças lutar para compor a chapa. Porque é importante para qualquer partido no seu protagonismo. Então, o primeiro passo agora meu, do deputado Félix e da vice-prefeita Ana Paula é organizar o partido, é fortalecer o partido e, para isso, eu volto a dizer que mesmo achando que as eleições só devem ser conversadas no ano que vem, nós temos um prazo que é anterior às eleições. Nós só temos até 6 de abril do ano que vem para fazer as filiações e para fortalecer a chapa de candidaturas a vereador aqui no município de Salvador. Por isso que a gente considera esse segundo semestre adequado para fazer essa estruturação, esse primeiro passo. E também para a construção, porque o PDT é um partido de ideias. Para fazer a construção das ideias que nós vamos propor ao prefeito Bruno Reis manter nossa aliança. Então, o PDT vai discutir as ideias e o fortalecimento da chapa proporcional.
Tribuna – Quais são as chances de o PDT manter a vice do prefeito Bruno Reis?
Leo Prates – Primeiro é preciso que a gente estabeleça o foco, o foco é a reeleição de Bruno. O PDT se sente contemplado com Bruno Reis. Nós estaremos com o Bruno Reis e a nossa primeira defesa é que o prefeito Bruno Reis tenha a liberdade para escolher o melhor vice que ele achar para vencer as eleições pelas ideias dele. Logicamente, nós trabalharemos e eu, como presidente municipal do PDT, para que o PDT seja essa escolha. E que a escolha não seja por imposição, mas sim pela força, pela pujança, pelas condições dos quadros do PDT. Então nós estamos trabalhando para ter as condições para manter a vice.
Tribuna – E nesse trabalho o PDT vai apresentar os nomes, vai apresentar o nome de Ana Paula de novo? Vai dar outras opções ou vai deixar isso a critério do prefeito?
Leo Prates – Volto a dizer o que disse a você antes, no início: a nossa defesa é de que Bruno Reis tenha a liberdade necessária para escolher o seu vice e o nosso trabalho interno é que para o PDT seja essa escolha e pra isso nós temos que ter uma chapa proporcional forte e um partido pujante. Então a gente trabalha para que o PDT seja a escolha do prefeito Bruno Reis. Acho que ele tem essa liberdade de escolha.
Tribuna – Na sua avaliação, em relação ao grupo todo, qual vai ser o papel do ex-prefeito ACM Neto nessas discussões para 2024, principalmente em Salvador?
Leo Prates – Primeiro, ACM Neto é a nossa grande liderança. Hoje, da oposição, é o nosso líder. E ele teve o melhor resultado eleitoral da oposição desde 2006. Então mostra que ele tem voto. Nós tivemos o nosso melhor resultado eleitoral na eleição de ACM Neto para governador. Então, ACM Neto é o grande líder, é o grande detentor de votos e o papel dele é fundamental – tanto na construção por sua experiência na construção do programa de governo num eventual segundo governo de Bruno Reis, quanto eleitoralmente. E é o eleitor mais forte em Salvador, enquanto na construção do projeto político por sua experiência, por sua liderança, inclusive nacional, ele é o principal indutor da construção do arco de alianças que irá apoiar Bruno Reis.
Tribuna – O senhor acha que o governo federal, principalmente Lula, pode de alguma forma influenciar na disputa eleitoral em Salvador?
Leo Prates – O presidente Lula é um grande eleitor. Isso é inegável na Bahia. Porém, você precisa, acima do instituto dos grandes eleitores, ter o instituto da reeleição. Veja que na história de Salvador nós não temos nenhum prefeito que perdeu as reeleições. Então, logicamente, eu sempre digo na imprensa que Bruno está com a taça na mão, mas não quer dizer que é dele. Mas, é lógico que Bruno entra com as melhores condições. Bruno tem o maior eleitor da cidade de Salvador, que na nossa visão é ACM Neto. Bruno tem o instituto da reeleição, que favorece muito ele. Bruno tem um arco de alianças muito forte. Então, no nosso entender, Bruno tem melhores condições para vencer as eleições no ano que vem. Quer dizer que ele ganhou? Não. Temos que calçar as sandálias da humildade, conversar com o povo de Salvador – o que nós sempre fizemos com muita tranquilidade desde quando começamos nossa carreira em 1999.
Tribuna – No grupo do PT tem surgido alguns nomes, como Zé Trindade, Olívia Santana, Geraldo Júnior e também Antônio Brito agora. O senhor acha que esses nomes são competitivos frente ao fato de Bruno Reis estar com a taça na mão, como o senhor disse?
Leo Prates – Eu não costumo fazer avaliação de do campo adversário. Eu tenho boa relação com todos eles. Claro que nós estamos em campos diversos e essa decisão tem que ser do campo governistas. Eu vou trabalhar pra Bruno Reis ter a maior vitória do nosso grupo para ser ainda maior do que a que nós tivemos em dois mil e vinte e dois. Mas a decisão é sempre do eleitor.
Tribuna – Uma grande agência de risco subiu a nota de avaliação do Brasil, e outros indicadores também têm apontado uma melhoria na economia, com deflação, etc. Isso é reflexo de políticas já do governo Lula ou é um processo que começou antes, no governo Bolsonaro?
Leo Prates – Eu acredito que isso é sinal de um esforço conjunto. Não só do governo Lula, mas do governo Lula com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal. Com todos dando as mãos em prol do Brasil. Eu volto a dizer: o presidente Lula é presidente de todos os brasileiros. Então, eu acredito que, mesmo que isso fosse iniciado no governo anterior, mostra o acerto do governo em manter aquilo que ele acredita que está correto e modificar aquilo que ele acredita que está errado. E do Congresso Nacional em criar as condições para o governo. A economia não é reflexo apenas de ações do Executivo, mas de ações do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, e acredito que isso mostra a responsabilidade dos homens públicos que estão liderando o nosso país, inclusive do presidente Arthur Lira.