A representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, Florbela Fernandes, afirmou nesta quinta-feira (27) que o país precisa adotar as medidas necessárias para assegurar direitos e oportunidades para os quilombolas.
Florbela deu a declaração em Brasília, onde acompanhou a divulgação dos dados, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do censo sobre as comunidades quilombolas no país.
Este foi o primeiro censo na história do país a pesquisar o número de quilombolas no Brasil. Conforme o levantamento, são 1,3 milhão de quilombolas em cerca de 1,7 mil municípios.
Estes dados são inéditos, já que é a primeira vez que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar pessoas que se autodenominam quilombolas.
“A incorporação da categoria ‘quilombola’ [no censo] e sua visibilidade estatística expressa o reconhecimento da diversidade da população brasileira e da luta histórica pela dignidade e pelo reconhecimento”, afirmou a especialista.
“Este feito tem empoderamento nos marcos internacionais de direitos humanos, como o compromisso de não deixar ninguém para trás da agenda 2030 e o compromisso contra o racismo e a discriminação racial”, prosseguiu.
“O desafio que temos pela frente é assegurar que os dados divulgados hoje sirvam para tomar ações que resultem em mais direitos e mais oportunidades para a população quilombola”, acrescentou a representante da ONU.
O Censo de 2022 mostra que:
- O Brasil tem 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas. Isso corresponde a 0,65% da população total do país.
- O Nordeste concentra quase 70% dos quilombolas, com grande destaque para os estados da Bahia e do Maranhão. Juntos, eles têm 50% dos quilombolas do país.
- Mesmo com essa concentração, há quilombolas em todas as regiões do país e em quase todos os estados — com exceção de Roraima e Acre.
- Das 5.570 cidades do país, 1.696 têm moradores quilombolas (30,5%). Quase um terço vive na Amazônia Legal. 110 cidades têm metade da população quilombola do Brasil.