O Tribunal de Contas da União (TCU) vai investigar se declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre as reservas internacionais podem conter algum tipo de irregularidade.
Em entrevista a uma gestora de recursos, o chefe da autoridade monetária disse considerar uma eventual terceirização da gestão de ativos do banco.
As declarações geraram uma rápida reação política e institucional. O subprocurador-geral do TCU, Lucas Furtado, apresentou na segunda-feira (25) uma representação pedindo auditoria sobre o caso e foi atendido. O processo de investigação já foi instaurado e está sob a relatoria do ministro Benjamin Zymler.
Furtado alega que a suposta pretensão de Campos Neto representaria um risco à capacidade do país em honrar compromissos financeiros. Segundo ele, a gestão de reservas internacionais representa uma “atividade tipicamente estatal”, o que impossibilita a interferência do setor privado nessa área, com riscos, inclusive, à “soberania” do país.
“Diante de todos os riscos envolvidos, no meu entender, é inadmissível terceirizar a gestão de ativos do Banco Central especialmente com relação à administração das reservas internacionais do Brasil. A referida possibilidade reclama, pois, a obrigatória e pronta atuação do Tribunal de Contas da União, de forma a se determinar a detida e minuciosa apuração dos fatos”, disse Furtado.
As reservas financeiras internacionais funcionam como uma poupança para o país, usada em tempos de crise. Conforme o BC, essas reservas do Brasil hoje somam US$ 345,8 bilhões. O Banco Central não se manifestou.