Jean Wyllys não deve mais, ao menos por agora, assumir um cargo no governo federal por indicação de Lula e de Janja (sua principal apoiadora na gestão petista até cerca de dez dias atrás). Apesar de a Secom ter informado oficialmente, no dia 13, que o ex-deputado iria auxiliar no planejamento das ações da pasta, o movimento não deve se concretizar. Tampouco há previsão de que Wyllys seja alocado na EBC, um destino que também chegou a ser cogitado para ele na semana passada.
O motivo do recuo do governo, vocalizado por Paulo Pimenta em entrevistas recentes, é a repercussão do ataque que Wyllys fez a Eduardo Leite nas redes sociais. O embate, no qual o petista criticou o governador do Rio Grande do Sul por uma suposta “homofobia internalizada”, não só desagradou o entorno de Lula como fez com que o MP gaúcho tentasse derrubar da internet as falas referentes à manutenção de escolas cívico-militares no estado.
Além das providências pedidas pela promotoria, que inclui a quebra de sigilo de dados de Wyllys, o episódio custou a ele o fim dos afagos públicos de Janja. Quem observa a primeira-dama já percebeu que, diante da mudança de contexto, arrefeceu o desejo dela de ver o aliado empregado no governo. A Secom, onde Wyllys ficaria, tem áreas sob influência de Janja: é o caso da que é responsável por comandar contas institucionais do governo nas redes sociais.
Tanto na pasta, conforme já descreveu a coluna de Malu Gaspar, quanto na EBC, houve desconforto nos últimos dias com a possibilidade de nomeação de Wyllys. A ideia é rejeitada a partir da percepção de que ele, uma vez empossado, pode prejudicar a imagem do governo e desequilibrar relações que Lula e auxiliares têm se esforçado para construir e manter. Além de Leite, Arthur Lira também entrou na mira das publicações de Wyllys.