A Bulgária irá fornecer à Ucrânia cerca de cem veículos blindados de transporte de pessoal, decisão que marca uma reviravolta na política do país da União Europeia (UE) sobre envio de equipamento militar para apoiar Kiev em sua luta contra a invasão russa.
A proposta do governo para o seu primeiro envio de equipamento militar pesado para a Ucrânia desde o início da guerra foi aprovada pelo Parlamento búlgaro na sexta-feira (21), com 148 votos favoráveis e 52 votos contra.
“Este equipamento já não é necessário para as necessidades da Bulgária e pode ser um importante apoio à Ucrânia na sua batalha para preservar a independência e integridade territorial do país, após a injustificada e não provocada agressão russa”, afirma a decisão do Parlamento.
Os veículos blindados BTR de origem soviética foram entregues na década de 1980 à Bulgária, então aliada da União Soviética no Pacto de Varsóvia, e nunca foram usados.
A Bulgária aderiu à Otan em 2004 e tem um arsenal de armas projetadas pelos soviéticos, além de fábricas que produzem munições para esse tipo de armamento.
Troca de governo
Apesar de o Parlamento búlgaro ter inicialmente aprovado a prestação de apoio militar à Ucrânia no final de 2022, ele deixou para o Executivo a decisão sobre os termos dessa ajuda.
O fornecimento direto de armas a Kiev vinha então sendo rejeitado por governos provisórios anteriores, nomeados pelo presidente Rumen Radev, simpatizante da Rússia que, recentemente, disse que a Ucrânia seria culpada pela guerra e que o fornecimento de armas a Kiev apenas prolongaria o conflito.
O novo governo búlgaro, pró-Ocidente, que assumiu no início de junho, decidiu enviar os veículos blindados para a Ucrânia, além de armamento e peças sobressalentes.
“Devemos dar veículos blindados à Ucrânia, porque os ucranianos estão lutando não apenas pela sua liberdade, mas também pela nossa”, afirmou o parlamentar liberal Ivaylo Mirchev.
Até o momento, o país só havia enviado um tímido pacote de ajuda militar a Kiev, composto basicamente de jaquetas e capacetes. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou Sofia no início de julho, quando pediu apoio do governo búlgaro.
A decisão provocou críticas do Partido Socialista e dos ultranacionalistas e pró-Moscou do partido Vazrazhdane, que votaram contra.
“Não acho que possamos ajudar a Ucrânia com decisões militares e com o envio de equipamento militar, mas como mediadores para a paz, como um país que tem relações específicas com os dois lados”, disse neste sábado o porta-voz do Partido Socialista, Kristian Vigenin.