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Forte onda de calor antecipada se espalha pela Europa
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quarta-feira 19 de julho de 2023 às 19:45h

Calor extremo provoca morte de dois operários na Itália e abre debate sobre horários de trabalho

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As temperaturas extremas dos últimos dias na Itália já provocam alterações de certos hábitos de trabalho, especialmente no setor da construção civil, com canteiros de obras paralisados e andaimes desertos. Depois que dois trabalhadores morreram no trabalho devido às altas temperaturas, os sindicatos do setor pedem uma regulamentação mais clara. Eles exigem regras nacionais que reconheçam o calor excessivo como motivo das paralisações.

Andrea Noschese é dona de uma pequena empresa de seis trabalhadores que reforma apartamentos. Ela conta que teve de mudar completamente seu esquema de trabalho.

“Antecipamos nossos horários das 6h às 14h. E no que diz respeito ao trabalho ao ar livre, adiamos tudo, estamos esperando que essa onda de calor diminua para retomar os trabalhos nesses locais”, explica a empreiteira.

Na Sardenha, onde as temperaturas estão escaldantes, os sindicatos também pressionam para mudanças. “Estamos tentando conscientizar as empresas para que possam adotar todas as medidas preventivas”, explica Erika Collu, dirigente do sindicato da construção civil CGIL. E uma das mudanças que pedimos é, claro, alterar o horário de trabalho”.

A lei trabalhista italiana ainda não estabelece uma temperatura limite, acima da qual os funcionários possam parar de trabalhar. Mas os sindicatos pressionam o Ministério do Trabalho.

Sul da Europa sofre com onda de calor

A Europa é a região do planeta em que os termômetros sobem com mais rapidez neste verão. Há a expectativa que a ilha italiana da Sardenha bata nos próximos dias o recorde de temperatura: 48,8º C registrados na Sicília em 2021.

Na terça-feira, a Itália sofreu com temperaturas que alcançaram 44°C em Ragusa (Sicília), 40°C em Roma e 39°C em Cagliari.

“Sabíamos que faria calor, mas não tanto. Temos ar-condicionado em nosso Airbnb, faremos um longo descanso esta tarde”, disse Emily, uma turista britânica de 24 anos, em Roma.

Teresa Angioni, farmacêutica em Cagliari, na Sardenha, conta que, para prevenir a desidratação, seus clientes “compram principalmente suplementos de magnésio e potássio e pedem para medir a pressão arterial, que costuma ficar baixa”.

Na Espanha, são esperadas temperaturas entre 38 e 42°C em grande parte do centro da Península Ibérica. Na região da Catalunha, a temperatura bateu um recorde histórico com um pico de 45,3°C.

Risco de incêndios aumenta

Ante as altas temperaturas, o Ministério do Interior espanhol advertiu para o risco de incêndio “muito alto”, inclusive “extremo” em algumas regiões do país, como na ilha canária de La Palma, onde os bombeiros combatem um grande incêndio florestal desde sábado. Cerca de 3.500 hectares queimaram nesta ilha atlântica, segundo autoridades locais, e 4.000 habitantes foram evacuados.

Na Grécia, os bombeiros ainda lutavam nesta terça-feira, pelo segundo dia seguido, contra incêndios na região de Atenas. Em apenas 24 horas, haviam sido declarados 47 focos, com dois deles fora de controle a oeste da capital.

Na França, muitos recordes locais de calor foram batidos, como em Verdun (40°C) e em Alpe d’Huez (29,5°C), uma estação de esqui a mais de 1.800 metros.

Estados Unidos em alerta

A onda atinge também a América do Norte, onde o jornal canadense Le Devoir destaca em sua capa: “Colômbia Britânica quebra um recorde de territórios queimados”.

No Canadá, mais de 10 milhões de hectares foram destruídos por incêndios desde o início do ano.

“Na América do Norte, Europa e Ásia, centenas de milhões de pessoas estão enfrentando condições escaldantes”, observa o New York Times. O jornal americano destaca as temperaturas registradas nos últimos dias no país. “Mais de 52 graus em uma cidade no noroeste da China, 53 graus no Vale da Morte na Califórnia”.

Nos Estados Unidos, mais de 80 milhões de pessoas estão sob alerta de uma onda de calor “opressiva” no sul e oeste do país. Por 19 dias consecutivos, Phoenix, a capital do Arizona, marcou 43°C, batendo um recorde que vigorava desde 1974.

No famoso Vale da Morte, na Califórnia, um dos lugares mais quentes do planeta, a temperatura oficial atingiu 52°C, no domingo.

Calor aumenta evaporação

Na Ásia, as temperaturas elevadas se alternam com chuvas torrenciais, em parte provocadas pelo acúmulo de água evaporada na atmosfera.

O Japão emitiu alertas para temperaturas elevadas em 32 municípios do país. No Vietnã e sul da China, 250.000 pessoas procuraram abrigos antes da passagem do tufão Talim.

A Coreia do Sul tem previsão de fortes chuvas nesta quarta-feira. As tempestades dos últimos dias provocaram 41 mortes no país.

Em visita a Pequim nessa terça-feira, o enviado da Casa Branca para o clima, John Kerry, destacou que a mudança climática “é uma ameaça para a humanidade”. Kerry pretende retomar a cooperação na questão ambiental entre Estados Unidos e China, os dois maiores poluentes do planeta.

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