A reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) foi realizada na última quarta-feira (5), na sede do Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília, e começou com boas notícias para o setor elétrico e, em consequência, para a população. Dados apresentados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostraram que o mês de junho de 2023 finalizou com melhores níveis dos reservatórios das hidrelétricas dos últimos 20 anos. Os armazenamentos dos reservatórios das hidrelétricas no Sistema Interligado Nacional (SIN) foram equivalentes a 86%, 88%, 85% e 98% nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente.
Estudos prospectivos apresentados pelo ONS também mostram a expectativa de se atingir, no cenário mais conservador, o quarto melhor armazenamento do histórico ao final de dezembro para o Sistema Interligado Nacional (SIN), situando-se entre 59,7% e 76,8%.
Ainda na reunião, foi avaliada a expansão da geração e da transmissão de energia elétrica no primeiro semestre de 2023. Nesse período, o incremento do parque gerador por empreendimentos centralizados foi de aproximadamente 5.175 Megawatt (MW), em termos de capacidade instalada, e de 6.080 MW relativo à Geração Distribuída (GD). Houve também o acréscimo de mais de quatro mil quilômetros (km) de linhas de transmissão e 11.792 Megavolt-ampere (MVA) de capacidade de transformação instaladas em diversos estados brasileiros. Esses números demonstram a robusta expansão do setor elétrico brasileiro que tem sido verificada por todo o País, garantindo a segurança do atendimento eletroenergético nacional.
O ONS também informou aos demais membros do colegiado o recorde de geração eólica verificado no subsistema Nordeste, em 22 de junho, alcançando o valor médio diário de 14.813 MWmed, o que equivale a 125,3% da carga da região no dia, garantindo grande exportação de excedentes desse recurso para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
Com relação à exportação de excedentes de energia elétrica aos países vizinhos, no contexto da diminuição das chuvas e dos vertimentos nas usinas hidrelétricas, o ONS destacou que, em junho, houve a exportação, para a Argentina, de 276 MWmed de origem hidrelétrica e de 786 MWmédios de origem termelétrica. Para o Uruguai, a exportação foi de 56 MWmed de origem hidrelétrica e de 300 MWmed de origem termelétrica. Esta exportação de excedentes energéticos do Brasil traz relevantes benefícios aos consumidores e agentes no setor.
Outro destaque foi a apresentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) dos resultados do Leilão de Transmissão nº 1/2023, realizado em 30 de junho de 2023, sendo o maior certame de empreendimentos de transmissão já realizado. Foram vendidos nove lotes, com 50,97% de deságio médio sobre as receitas anuais previstas para os agentes vencedores, que preveem a construção, operação e manutenção de 6.184 km de linhas de transmissão e subestações com capacidade total de transformação de 400 MVA. As novas instalações irão reforçar a rede de transmissão da região Nordeste e do norte da região Sudeste, de modo a expandir o transporte de energia proveniente de empreendimentos de geração renovável. São previstos R$ 15,7 bilhões em investimentos e a geração de 60 mil empregos diretos e indiretos.
Por fim, dentre outros assuntos, destaca-se a aprovação pelo CMSE de aprimoramentos relativos à representação da expansão da capacidade instalada de geração de energia elétrica no Programa Mensal da Operação (PMO/ONS). A decisão reflete os trabalhos conduzidos pela ANEEL, nos últimos anos, que contaram com ampla discussão com os agentes e com toda a sociedade, bem como as avaliações realizadas pelas instituições setoriais do Comitê ao longo do primeiro semestre de 2023.
Dessa maneira, conforme deliberado, foi aprovada a implementação, a partir do PMO de janeiro de 2024, da proposta metodológica constante na Nota Técnica n° 227/2022-SFG-SRG/ANEEL, com as alterações a seguir indicadas, para a representação das usinas do ACL no bloco de ofertas considerado no PMO:
(i) Considerar todas as usinas do ACL que estejam em obras, conforme critério já vigente;
(ii) Considerar, para as usinas do ACL que não estejam em obras, aquelas que possuam contratos de compra e venda de energia de longo prazo e contrato de uso da rede assinados.
(iii) Considerar os critérios definidos nos itens i e ii no PMO “Sombra” para o período de agosto a dezembro de 2023.
A expectativa é que tais alterações contribuam com a melhor representação da oferta de geração nos modelos computacionais, fortalecendo os processos associados ao planejamento e programação da operação e à formação do preço no setor elétrico brasileiro.
Informações Técnicas:
Energia Armazenada: ao final do mês de junho, foram verificados armazenamentos equivalentes de 86,4%, 88,3%, 84,6% e 98,0% no Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, respectivamente. Para o SIN, o armazenamento ao final de junho foi de 86,8%, melhor valor dos últimos vinte anos.
Condições Hidrometeorológicas: em junho, a precipitação verificada ficou acima da média na bacia do rio Tietê e no trecho montante a UHE Foz do Areia na bacia do rio Iguaçu; enquanto nas bacias dos rios Jacuí e Uruguai, os totais de precipitação foram próximos à média. Nas demais bacias hidrográficas de interesse do SIN predominaram valores inferiores à média histórica. Em relação à Energia Natural Afluente (ENA), foram verificados valores abaixo da média histórica para todos os subsistemas. O Sudeste/Centro-Oeste apresentou condições de 95% da Média de Longo Termo (MLT), o Sul de 79%, o Norte de 75% e o Nordeste cerca de 51%. A ENA agregada do SIN registrou índice de 85% da MLT. Para julho de 2023, a previsão é de uma ENA abaixo da média histórica para todos os subsistemas. Para o Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte, a ENA prevista é de 85%, 46%, 53% e 85% da MLT, respectivamente.
Expansão da Geração e Transmissão: a expansão verificada em junho de 2023 foi de aproximadamente 543 MW de capacidade instalada de geração centralizada de energia elétrica, 800 km de linhas de transmissão e 1.089 MVA de capacidade de transformação. Assim, em 2023, a expansão totalizou 5.175 MW de capacidade instalada de geração centralizada, 4.295 km de linhas de transmissão e 11.792 MVA de capacidade de transformação. Sobre geração distribuída, a expansão verificada em 2023 foi de 6.080 MW, atingindo o total de aproximadamente 22,5 GW instalados no país.
O CMSE, na sua competência legal, continuará monitorando, de forma permanente, as condições de abastecimento e o atendimento ao mercado de energia elétrica do País, adotando as medidas para a garantia do suprimento de energia elétrica. As definições finais sobre a reunião do CMSE de hoje serão consolidadas em ata devidamente aprovada por todos os participantes do colegiado e divulgada conforme o regimento.