Com voto de Ciro Gomes, a comissão executiva nacional do PDT decidiu nesta segunda-feira, com 7 votos favoráveis e três abstenções, promover uma intervenção no diretório estadual do Ceará, estado de intensa disputa entre o senador Cid Gomes e seu irmão, o ex-ministro e presidenciável em 2022 Ciro Gomes. A decisão, com voto de Ciro, significa que a cúpula do PDT em Brasília passará a decidir o partido no estado até dezembro deste ano, quando se encerra o atual mandato no diretório.
Na prática, a medida impede que Cid leve adiante uma tentativa de, com apoio dos dirigentes partidários no Ceará, assumir o comando estadual da sigla. O senador havia convocado uma reunião do diretório cearense para esta sexta-feira, com apoio de dois terços dos membros, para pautar a destituição do atual presidente do PDT no estado, deputado federal André Figueiredo, aliado de Ciro.
Ao saber da intervenção, Cid questionou a ala mais alinhada ao irmão se desejam que ele e seus aliados saiam do PDT. A resposta, no entanto, foi negativa, segundo participantes da reunião.
Figueiredo é também o presidente nacional em exercício do PDT; com a intervenção, portanto, ele manterá sua ascendência sobre o partido no Ceará. O deputado se absteve de votar na reunião desta segunda-feira, mesma posição adotada por Cid e pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT.
A intervenção marca um acirramento do racha no PDT, simbolizado pelos irmãos Ciro e Cid. De um lado, aliados de Cid defendem que o partido se reaproxime do PT e ingresse formalmente na base do governador petista Elmano de Freitas no Ceará. De outro lado, correligionários mais próximos a Ciro, grupo que inclui Figueiredo e o atual prefeito de Fortaleza, Sarto Nogueira (PDT), pregam uma postura de oposição ao PT no Ceará, na linha adotada pelo presidenciável pedetista em 2022.
A reunião da executiva nacional do PDT, realizada em Brasília nesta segunda, teve momentos de “tensionamento”, segundo participantes relataram ao GLOBO. Cid se reuniu pela manhã em sua casa com um grupo de aliados, incluindo deputados estaduais e prefeitos que viajaram a Brasília, antes de seguir para a reunião. Ciro, por sua vez, participou por videoconferência.
Além de Ciro, votaram a favor da intervenção no Ceará o ex-ministro do Trabalho e atual secretário-geral do PDT, Manoel Dias; a ex-deputada e atual secretária de relações internacionais do PDT, Juliana Brizola; o secretário adjunto André Menegotto; o tesoureiro Marcelo Panella; e os vogais Marli Rosa de Mendonça e Sirley Soares Soalheiro.