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sábado 1 de julho de 2023 às 12:04h

Direita e esquerda precisam se reorganizar para o pós-Bolsonaro

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O rápido isolamento de Jair Bolsonaro 9PL), tornado inelegível seis meses depois de deixar o poder, é nítido segundo a colunista Vera Magalhães, para quem conversa com seus principais aliados e não se atém a olhar seus posts condoídos de solidariedade.

Entre os que posam de inconformados há segundo a colunista do O Globo, desde antigos colaboradores que, no processo, trataram de se afastar do ex-chefe dizendo não ter tido nada a ver com a fatídica reunião com embaixadores em julho do ano passado, até candidatos a herdeiros de seu espólio eleitoral que já esfregam as mãos.

Mas ninguém pode correr o risco de denotar algum alívio ou ansiedade em público, porque o moedor de carne bolsonarista que já triturou tantos antigos aliados ainda é forte nos submundos do Telegram e nas redes sociais.

Na esquerda, também, a análise do efeito da inelegibilidade de Bolsonaro precisa ir além do óbvio. Memes e comemorações pululam, mas, no coração do poder federal, pesquisas que mostram a ascensão rápida de Tarcísio de Freitas como liderança autônoma, inclusive superando o criador em várias regiões do estado de São Paulo e em estados do Sul e Sudeste, é motivo de grande preocupação.

Tanto que a próxima prioridade do governo Lula serão as obras de infraestrutura. A ideia é desmontar a aura de “asfaltador” do ex-ministro e atual governador de São Paulo, com dados que mostrariam que, na verdade, ele entregou pouco enquanto esteve no posto. Isso já começou a ser ensaiado em entrevistas, como a que o ministro Alexandre Padilha concedeu a mim e a Carlos Andreazza nesta semana.

Outra linha será a de que Tarcísio mal conhece São Paulo e nem começou efetivamente a governar para pensar em ser candidato a presidente. A razão para isso é um temor quanto à decisão rápida do TSE: PT e partidos aliados acham que o sucessor do capitão terá muito tempo para se cacifar junto a uma parcela do eleitorado órfão.

A ordem, então, é avançar em cidadelas não extremistas: evangélicos e agronegócio, como já escrevi aqui, eleitores de baixa renda que começarão cada vez mais a se beneficiar de programas sociais turbinados, endividados que serão socorridos por programas de crédito e empresários conquistados por agendas como a briga pela queda dos juros e a reforma tributária.

Na direita, haverá uma briga pelo passe de Tarcísio entre seu partido, o Republicanos, e o PL. E deverá se acentuar a pressão da ala bolsonarista mais radical, com os filhos do agora inelegível ex-presidente à frente, para dar as cartas em seu governo, algo que, até aqui, o governador vem evitando.

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