A ativista ambiental sueca Greta Thunberg acusou nesta quinta-feira (29/06) a Rússia de cometer ecocídio na Ucrânia e denunciou a falta de reação internacional ao desastre causado pela destruição da barragem de Kakhovka. A jovem faz parte de uma delegação internacional que está no país para investigar as consequências ambientais do conflito. As informações são do portal, DW.
“O ecocídio e a destruição ambiental são uma forma de guerra, como os ucranianos já sabem muito bem, e a Rússia também”, afirmou Thunberg durante uma visita a Kiev. “E é por isso que eles têm deliberadamente como alvo o meio ambiente e os meios de subsistência dos ucranianos e suas casas”, acrescentou.
Em Kiev, Thunberg e outros integrantes do Grupo de Trabalho Internacional sobre as Consequências Ambientais da Guerra foram recebidos pelo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Segundo comunicado emitido pelo gabinete da presidência ucraniana, Zelenski pediu ao grupo que estude uma ampla gama de assuntos relacionados com o impacto da invasão russa sobre os ecossistemas da Ucrânia, entre eles, as consequências da destruição da barragem de Kakhovka.
A Ucrânia investiga a explosão da barragem como crime de guerra e possível ecocídio – uma destruição do meio ambiente em larga escala.
O rompimento da barragem
A destruição da barragem na região de Kherson, no sul da Ucrânia, em 6 de junho, inundou uma grande área. O desastre matou dezenas e forçou milhares a fugir. A inundação também causou danos significativos ao setor agrícola e à biodiversidade, segundo indicou o presidente. Os danos causados são estimados em 1,2 bilhão de euros. Zelenski criticou o que chamou de falta de uma resposta internacional adequada ao desastre.
A Ucrânia acusou a Rússia de explodir a barragem, que estava sob o controle de Moscou. Já o Kremlin insiste que foi Kiev a responsável pelo bombardeio que destruiu a estrutura da era soviética.
“Não acho que a reação do mundo a esse ecocídio seja suficiente. Acho que nenhuma reação pode ser suficiente. Então, precisamos abrir mais espaço para os afetados contarem suas histórias e compartilharem informações sobre o que está acontecendo lá”, destacou Thunberg.
A ativista, que aparece em uma foto com Zelenski e junto ao restante dos integrantes da delegação, afirmou, segundo comunicado, que tentará envolver representantes de organizações ambientais no diálogo relativo às principais tarefas do grupo. Além disso, se comprometeu a atrair a atenção para as consequências ambientais da guerra.
Meio ambiente: “Vítima silenciosa da guerra”
Por sua vez, a cofundadora do grupo e ex-ministra do Exterior da Suécia, Margot Wallström, indicou que é importante documentar os danos sofridos pelo meio ambiente na Ucrânia como consequência da guerra e desenvolver planos para sua recuperação, assim como para a transição para uma economia verde.
Também participou do encontro a vice-presidente do Parlamento Europeu, Heidi Gautala, que defendeu que os crimes contra o meio ambiente cometidos pela Rússia são “claramente um ecocídio”, segundo a legislação ucraniana. A representante do Parlamento garantiu que as responsabilidades sobre tais crimes deveriam ser determinadas pela Justiça nacional e internacional.
De acordo com o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, o meio ambiente corre o risco de se tornar uma “vítima silenciosa da guerra”, com 30% do território do país contaminado com explosivos e mais de 2,4 milhões de hectares de florestas danificados.