A marcha para o interior, sobretudo para as regiões Norte e Centro-Oeste, ganhou ritmo crescente segundo o colunista José Casado, da Veja, nos últimos doze anos. É o que mostram os resultados do Censo 2022 divulgados nesta quarta-feira (28) pelo IBGE. As implicações políticas são relevantes.
Quatro de cada dez brasileiros moram em pequenos municípios, aqueles com menos de 100 mil habitantes.
São 87,3 milhões de pessoas, que representam 43% da população (total de 203 milhões). E a ampla maioria (73,1%) mora em cidades com menos de 50 mil habitantes.
Nos 319 maiores municípios, aqueles com mais de 100 mil residentes, concentram-se 115,5 milhões de pessoas.
Entre as dez cidades com maior crescimento populacional absoluto, seis estão no Norte e no Centro-Oeste: Manaus (AM), Brasília (DF), Goiânia (GO), Boa Vista (RR), Parauapebas (PA) e Campo Grande (MS). No caso de Boa Vista há uma peculiaridade: a população aumentou (em 200 mil) por consequência da diáspora venezuelana.
Esse processo de interiorização é consequência da expansão da agricultura, da pecuária e da indústria extrativista nos estados do Centro-Oeste e do Norte. O censo que começou a ser divulgado retrata a força do interior e daquilo que se convencionou chamar de “Brasil profundo”. Merece atenção e estudo.
Os dados atualizados ajudam a iluminar o debate político em muitos aspectos. Por exemplo, na resiliência de uma certa ideia de conservadorismo e seus reflexos nas eleições da última década e meia, quando foi sepultado o ciclo de industrialização que deu origem a partidos de classe média urbana, como o PT e o PSDB, e ocorreu a ascensão da centro-direita.