O líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, rompeu silêncio nesta segunda-feira (26), e afirmou que o motim armado na Rússia no sábado não tinha como objetivo derrubar o presidente Vladimir Putin da liderança do país. Tropas do exército privado ocuparam brevemente um centro de comando estratégico para a guerra na Ucrânia e avançaram em direção a Moscou, antes de um acordo que levou Prigozhin a Belarus.
Em áudio divulgado nesta segunda-feira, Prigozhin afirmou que a marcha era um protesto para impedir a “destruição do grupo Wagner”, e que não havia qualquer interesse de “derrubar o poder no país”. Ele também lamentou o fato de que o grupo precisou atingir uma aeronave russa.
Segundo o comandante, o Ministério da Defesa da Rússia planejou que o grupo militar privado “deixasse de existir” a partir de 1º de julho.
“Ninguém concordou em assinar um contrato com o Ministério da Defesa, pois todos sabem muito bem pela situação atual e por sua experiência durante a operação militar especial que isso levará a uma perda total da capacidade de combate”, disse na mensagem de áudio.
Logo depois, no entanto, ele afirma que alguns combatente assinaram contratos com Ministério da Defesa, mas apenas um número baixo.
“Aqueles combatentes que decidiram que estavam prontos para passar para o Ministério da Defesa o fizeram. Mas esse é o número mínimo, estimado em 1 a 2%. Todos os argumentos para manter o PMC Wagner foram apresentados, mas nenhum foi implementado”, disse.
O áudio é a primeira fala pública desde que o líder do grupo anunciou na noite de sábado que suas tropas estavam recuando para “evitar derramamento de sangue”.
“Durante a noite, caminhamos 780 quilômetros. Duzentos e poucos quilômetros foram deixados para Moscou”, disse, apesar de não haver nenhuma evidência de que suas forças de Wagner chegaram tão perto de a capital russa. “Nem um único soldado em solo foi morto.”
“Lamentamos ter sido forçados a atacar aeronaves”, disse ele. “… mas essas aeronaves lançaram bombas e lançaram ataques com mísseis”.
Sob um acordo para encerrar a marcha, mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, Prigozhin deve se mudar para Belarus. Mesmo assim, ele ainda é alvo de um processo criminal dos serviços de segurança russos sobre o caso.
Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, disse nesta segunda-feira, 26, que o país enfrentou “um desafio à sua estabilidade” e deve permanecer unido ao lado de Putin.
Depois do motim armado pelo poderoso Grupo Wagner, bem como seu fim abrupto sem penalidades aparentes para os envolvidos, oficiais tentam fazer com que o país retorne à normalidade. Apesar da revolta ter sido controlada, nem o governo russo nem a comunidade internacional sabe exatamente o que pode acontecer a seguir.
Nesta segunda-feira, um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa mostrou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, voando em um avião com um colega e ouvindo relatórios em um posto de comando.
Putin, que disse no sábado que a rebelião colocou a própria existência da Rússia sob ameaça e prometeu punir aqueles por trás da revolta, não fez nenhum comentário ou aparição pública desde então.