O diretor de cinema James Cameron, que dirigiu o filme Titanic (1997), disse que já temia a tragédia do submarino Titan alguns dias antes da confirmação de que a embarcação provavelmente implodiu, deixando todos as cinco pessoas que estavam a bordo mortas — conforme foi divulgado nesta última quinta-feira (22) pela Guarda Costeira dos Estados Unidos.
Cameron já fez 33 descidas em submersíveis para visitar os destroços do Titanic.
Ele disse que estava em um navio no domingo (18), quando o submarino Titan foi dado como desaparecido, e só ficou sabendo do caso na segunda-feira (19).
Quando soube que o submarino havia perdido os sinais de navegação e comunicação, o cineasta diz que imediatamente suspeitou que havia ocorrido um desastre.
“Eu logo percebi o que tinha acontecido. Para o sistema eletrônico, a comunicação e o rastreamento falharem simultaneamente… O submarino tinha ido embora”, disse Cameron à BBC News.
“Eu imediatamente telefonei para alguns dos meus contatos que trabalham com submersíveis profundos. Em cerca de uma hora, recebi as seguintes informações: eles [tripulantes] estavam em movimento de descida. Estavam a 3.500 metros de profundidade, indo para o fundo, a 3.800 metros.”
“Os sinais de comunicação e navegação foram perdidos… Eu pensei instantaneamente: você não pode perder a comunicação e a navegação juntas sem que um evento catastrófico extremo tenha acontecido. E a primeira coisa que me veio à mente foi uma implosão.”
“Recebi relatos de que vários sistemas acústicos em operação pelo Atlântico, que hidrofones e coisas do gênero ouviram um evento implosivo muito alto naquele período.”
Para Cameron, os últimos dias pareceram “um pesadelo labiríntico, com pessoas falando de barulhos, oxigênio e tudo mais.”
“Eu sabia que o submarino estava exatamente abaixo de sua última profundidade e posição conhecidas. Foi exatamente onde ele foi encontrado.”
O cineasta afirma considerar as pessoas que pagaram para esse tipo de expedição “cidadãos exploradores” e não turistas, porque dedicaram muito dinheiro, tempo e preparação para estar ali.
Cameron não expressa críticas fortes a esse tipo de escolha, contanto que os riscos tenham sido bem elucidados e que todas as medidas de prevenção tenham sido tomadas.
“É um local muito perigoso, entenda os riscos. Concorde com esses riscos, mas não fique em uma situação em que não tenha sido informado sobre os riscos”, aponta.
“Conseguimos passar por 60 anos, de 1960 até hoje… 63 anos sem uma fatalidade… Então, sabe, um dos aspectos mais tristes disso tudo é como realmente era evitável. Isso, para mim, é a maior infelicidade de tudo.”