segunda-feira 23 de dezembro de 2024
Foto: Reprodução
Home / NOTÍCIAS / Apesar das excelentes condições para implantação, Brasil não apoia a energia solar térmica
quinta-feira 15 de junho de 2023 às 12:35h

Apesar das excelentes condições para implantação, Brasil não apoia a energia solar térmica

NOTÍCIAS


Recentemente, a ONU confirmou Belém, no estado do Pará, como a sede da COP-30, a conferência para o clima que acontecerá em novembro de 2025. O evento reúne anualmente lideranças mundiais para debater soluções para conter o aquecimento global e criar alternativas sustentáveis para a vida na Terra. A escolha premiou o engajamento do governo atual com as questões ambientais, mas, na prática, ainda há muito por fazer nessa área e pouco apoio a soluções simples e efetivas, como a energia termossolar.

O Brasil apresenta excelentes condições para a implantação da energia solar térmica como fonte alternativa de geração energética. Rico em sol, o país recebe uma radiação solar média entre 4,2 e 6,2 kWh/m² por dia. Apesar desse potencial e de um significativo parque industrial, a tecnologia ficou de fora do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e não tem sido considerada nos projetos do Ministério de Minas e Energia.

Vários fatores atrapalham a plena adoção da tecnologia já tão utilizada em outros países com menos insolação do que o nosso: legislação desfavorável para investimentos em eficiência energética; ausência ou não adequação de linhas de financiamento; falta de incentivo das autoridades; e desconhecimento. Uma pena, pois se trata de uma tecnologia em constante desenvolvimento com fabricação e utilização de conteúdo local em quase 100%, que gera mais de 50 mil empregos diretos e indiretos no Brasil em toda cadeia sua cadeia produtiva, dos quais 20% são ocupados por mulheres.

Além disso, a energia termossolar fortalece muito a cultura em favor do meio ambiente. Com o atual parque instalado no país, é possível evitar anualmente a emissão de mais de 4,5 milhões de toneladas de CO₂, com o potencial para chegar a mais de 60 milhões de toneladas de CO₂, o que reduziria em mais de 13% as emissões anuais e honraria o Acordo de Paris, de 2015.

A tecnologia atende plenamente aos critérios que beneficiam, por exemplo, a indústria automobilística, baseados no tripé: social (aumento de empregos e renda); ambiental (redução na emissão de gases de efeito estufa e uso pela própria indústria de sistemas de aquecimento solar na produção de seus equipamentos material reciclável sem a geração de resíduos); e densidade industrial, que diz respeito à quantidade de equipamentos e seus acessórios produzidos no Brasil.

Quando se pensa no consumidor final, a utilização de sistemas de aquecimento solar tem várias vantagens. A primeira delas é a redução significativa do uso de energia elétrica no horário de pico, quando os chuveiros elétricos ligados simultaneamente representam 37% do consumo elétrico em residências e 7,2% do total de eletricidade no Brasil.

Com isso, há uma contribuição para o aumento da renda das famílias e pequenos negócios, como salões de cabeleireiros, petshops, clínicas médicas ou de fisioterapia, restaurantes, academias e lavanderias, entre outras aplicações. Com um investimento a partir de R$ 2.089,00, uma família obtém uma economia significativa na conta de energia elétrica de 40%. Quanto menor a renda da família, mais representativa para o orçamento doméstico é o custo da energia elétrica. Na prática, o dinheiro economizado é revertido para outras necessidades como, por exemplo, alimentação, saúde, educação e lazer.

Nos pequenos negócios, a tecnologia permite maior independência financeira, pois as empresas podem organizar seu orçamento e evitar os ajustes tarifários na conta de energia elétrica, de gás ou quaisquer outros combustíveis fósseis. Vale lembrar ainda que o payback de um aquecedor solar é de cerca de um a três anos e a vida útil acima de 30 anos. Com o aumento dos demais energéticos como eletricidade e gás natural, a tendência é que o payback reduza ainda mais.

Vale mencionar ainda a redução da sobrecarga de energia e dos custos de transmissão e distribuição da rede elétrica. Para cada chuveiro elétrico adicionado à rede elétrica, são necessários gastos em transmissão e distribuição no valor de R$ 5.000,00 por domicílio. Além disso, a tecnologia opera de forma completamente desconectada da rede elétrica, o que minimiza os problemas de um novo racionamento de energia no Brasil. Apesar de todas essas vantagens, apenas 5% dos domicílios utilizam aquecimento solar para aquecer água.

Por Luiz Antonio dos Santos Pinto é presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol).

Veja também

Israel ordena fechamento de um dos últimos hospitais no norte de Gaza

As autoridades israelenses determinaram, na noite desse último domingo (22), o fechamento de um dos …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!