Secretário-geral das Nações Unidas menciona aumento do número de satélites, atuação do setor privado e viagens de longa distância como tendências que exigem maior fiscalização e coordenação; ONU abriga reunião sobre uso pacífico do espaço.
O uso do espaço sideral tem cada vez mais impacto na vida no planeta Terra. Essa é a conclusão do relatório Para Toda a Humanidade: O Futuro da Governança do Espaço Sideral.
O documento foi lançado na última quarta-feira pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. O texto coincidiu com a abertura da 66ª Reunião do Comitê para Usos Pacíficos do Espaço Sideral, que acontece até sexta-feira.
“Uma província da humanidade”
Ao apresentar, o conjunto de propostas conhecido como “Nossa Agenda Comum”, o chefe da ONU disse que “ativos espaciais têm um papel cada vez maior na navegação, oferta de internet e no monitoramento de tendências no planeta, incluindo energia, clima e biodiversidade.”
O líder das Nações Unidas ressaltou que é necessário “mitigar os riscos e aproveitar as oportunidades do espaço da forma mais inclusiva possível”.
O levantamento apresenta três tendências que podem afetar a preservação do domínio espacial como “uma província da humanidade.”
Entre 1957 e 2012, o número de satélites lançados no espaço permaneceu relativamente estável, numa média de 150 por ano. Esse período abarcou os primeiros voos humanos na órbita da Terra e da Lua, o desenvolvimento dos satélites de comunicação e a construção da Estação Espacial Internacional.
No entanto, na última década, o número de satélites aumentou exponencialmente, passando de 210 em 2013 para 1.200 em 2020. No ano passado foram lançados 2.470 satélites.
Tráfico espacial
O crescimento de atividades do setor privado também está contribuindo para aumentar o tráfico espacial na próxima década. Estima-se que o mercado ligado ao espaço vai movimentar US$ 737 bilhões até 2030.
Outra tendência sinalizada no documento é a retomada de viagens de longa distância no espaço, que não ocorriam desde 1972. Projetos previstos para os próximos anos incluem a construção de uma estação na órbita da lua e uma base fixa na superfície lunar.
Em 1959, apenas dois anos após o lançamento do Sputnik, o primeiro satélite do mundo, os Estados-membros das Nações Unidas estabeleceram o Comitê para Usos Pacíficos do Espaço Sideral.
Segurança do espaço sideral
O Comitê promoveu as relações diplomáticas e científicas que culminaram na aprovação de cinco tratados da ONU sobre o espaço, negociados entre 1967 e 1979.
Esses tratados abordaram desafios e riscos associados à exploração espacial, incluindo temas como resgate de astronautas, responsabilidade e registro de objetos espaciais e acordo para atividades na Lua e outros corpos celestes.
Atualmente, 102 países fazem parte do Comitê.
Em Nossa Agenda Comum, o secretário-geral propõe aos países uma “combinação de normas vinculantes e não-vinculantes” para abordar riscos emergentes para a segurança do espaço sideral.