O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta terça-feira (6) da cerimônia de abertura da 17ª Bahia Farm Show — Feira Internacional de Tecnologia Agrícola e Negócios, em Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. Este será o primeiro evento do setor agro com a participação de Lula. Durante o evento, o BNDES vai anunciar uma linha de crédito de R$ 7,6 bilhões para investimentos em sustentabilidade, ampliação da capacidade de armazenagem e segurança alimentar.
A Bahia Farm Show é a maior feira de tecnologia agrícola do norte e nordeste do país e a terceira maior do Brasil. A previsão é que Lula seja recebido pelo presidente da Feira, Odacil Ranzi, e faça uma caminhada para conhecer o complexo.
Lula estará acompanhado pelos ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Rui Costa (Casa Civil), pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), pelo presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, e pela presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros.
O crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre de governo, divulgado na semana passada, foi impulsionado pelo avanço do agro, com crescimento de 21,6% nas atividades econômicas do país. O avanço da agropecuária respondeu por cerca de 80% da expansão do PIB.
— Acredito que o presidente vai dizer (na Bahia Farm Show) a importância do agro para o Brasil. No último trimestre o PIB do agro foi positivo em 21,6%. Isso chamou atenção de todo o governo. Acredito que o governo entenda tudo isso e vá trazer boas notícias para o agro. Estamos construindo uma ponte do agro com Brasília — afirmou Odacil Ranzi, presidente da feira.
Lula e o agro
O agronegócio tem travado uma relação sensível com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde o período eleitoral. O governo tem tentado ampliar seu trânsito no agro, que é um dos setores onde o ex-presidente Jair Bolsonaro tem ampla capilaridade.
Durante seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro participava das maiores feiras do setor, entre elas da Bahia Farm Show e a Agrishow.
Recentemente, o governo entrou em uma saia justa com o setor após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmar que foi “desconvidado” para a cerimônia de abertura da Agrishow após Bolsonaro ter confirmado presença. O governo chegou a dizer que o Baco do Brasil iria retirar o patrocínio da feia.
Além disso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificou a ofensiva de ocupações no início do governo Lula. As ações pressionaram o governo, que não quer se indispor com parte de sua base eleitoral e nem desagradar grupos ruralistas. As ocupações resultaram na abertura da CPI no MST no Congresso.
Na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, Fávaro ressaltou ser contra eventuais irregularidades praticadas pelo movimento e argumentou que não haveria sentido “ter invasão de terras” durante o governo Lula.
— Não faz nenhum sentido em um governo, com o presidente Lula ligado aos movimentos sociais, que abre as portas do diálogo para os movimentos sociais, ter invasão de terra, desrespeitar a Lei. Terra invadida não é passivo de reforma agrária. Se quiser reforma agrária, não vai ser com invasão de terra, pelo contrário, isso vai dificultar o processo e colocar gasolina no fogo — disse.