“Se é para ter investimentos da Petrobras na Margem Equatorial, é preciso que eles sirvam ao Norte e Nordeste do país, com o desenvolvimento tecnológico, econômico e social sustentável das regiões que sempre foram preteridas ao longo da história do Brasil. Os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação de novas tecnologias naqueles regiões, por exemplo, respondem por apenas 7% dos investimentos da Petrobras em P&D. As universidades públicas federais do Norte do país são rejeitadas em favor do Sudeste. Precisamos rever isso”.
O comentário foi feito, nesta quarta-feira, 31, pelo coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, em audiência na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados que tratou da exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas.
Bacelar disse que o setor energético brasileiro deveria ser tratado com política de Estado e não com políticas que variam de governo a governo. Ele defendeu a necessidade de a Petrobras avançar na transição energética justa. Ponderou, porém, que “não podemos correr o risco de diminuição no suprimento brasileiro de energia. Até 2050, ainda teremos uma produção mundial de petróleo em torno de 57 milhões de barris por dia, para atender à demanda global. O Brasil será essencial para o abastecimento interno e para ajudar o mundo com petróleo com tecnologia de baixa pegada de carbono”.
Com base em dados técnicos, ele lembrou que o petróleo extraído em campos do pré-sal tem apenas de 8 a 10 quilos de emissão de CO2 equivalente por barril, quando a média mundial é de 22 quilos de emissão de CO2 equivalente por barril.
“A Petrobras detém a melhor tecnologia para atividade petrolífera em águas profundas e ultraprofundas do mundo, e nunca teve, em poços pioneiros, acidentes com vazamentos de óleo”, disse o dirigente da FUP, apoiando as novas exigências ambientais solicitadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) à Petrobras para atividade na Margem Equatorial. “As exigências estão sendo atendidas”, garantiu.
Bacelar acredita que o novo governo, por meio do diálogo, poderá fazer com que os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia se entendam, com vistas a um processo de desenvolvimento econômico e social na região, com sustentabilidade.
Da audiência na Câmara dos Deputados, participaram representantes dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), de Minas Energia (MME), da Petrobras, do Ibama, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e do Observatório do Clima, entre outros. Requerida pelo deputado Ivan Valente (PSOL/SP), foi a reunião presidida pelo deputado José Priante (PMDB/PA).