O Ministério Público de São Paulo concordou com uma nova ação de entidades antirracistas contra o Carrefour por casos de racismo na empresa. O parecer foi assinado no último dia 24, registra Guilherme Amado, do Metrópoles.
O processo foi movido em abril pela Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos. Em 2021, em reação à morte de João Alberto em um Carrefour de Porto Alegre, as duas ONGs já haviam fechado um acordo judicial com a companhia francesa de R$ 115 milhões. O dinheiro foi destinado a políticas contra o racismo.
Agora, as entidades apontam que o Carrefour segue promovendo crimes de racismo no Brasil, apesar de campanhas publicitárias da empresa sustentarem o contrário. E pedem uma indenização no mesmo valor, além de cobrarem medidas concretas da firma contra o racismo.
Representadas pelo advogado Márlon Reis, as ONGs também pediram acesso aos documentos do Carrefour sobre diversidade enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos últimos anos.
Em 7 de abril, o artista negro Vinícius de Paula afirmou que foi impedido de ser atendido no Carrefour Alphaville da capital paulista. Uma cliente branca, por sua vez, foi assistida normalmente. O artista, que é marido da bicampeã olímpica de vôlei Fabiana Claudino, processará o mercado.
Dois dias depois, outro episódio ilegal aconteceu no Atacadão Parolin, também da rede Carrefour, em Curitiba. Perseguida por seguranças, a professora negra Isabel Oliveira tirou as roupas em protesto.
“O Poder Judiciário precisa decidir se uma empresa pode ser gerida de forma irresponsável, no que toca ao dever de respeitar à igualdade racial definida pelas leis brasileiras, ou fazer do Brasil terra de ninguém”, afirmou Frei David, diretor-executivo da Educafro.