O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir o tom contra a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. Em um discurso no encerramento de um seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no início da noite desta quinta-feira (25), Lula classificou conforme registra Fábio Matos, do Metrópoles, como “excrescência” a Selic nesse patamar.
“Eu já fiz críticas, mas neste país, em que o mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria, um presidente da República não pode nem criticar o Banco Central porque ele está interferindo na economia”, ironizou Lula.
Durante todo o dia, as críticas à elevada taxa de juros foram a tônica do seminário na Fiesp. Os presidentes da entidade, Josué Gomes da Silva, e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, além dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Indústria, Geraldo Alckmin, também pediram a queda dos juros no país.
Indústria automobilística
Em seu pronunciamento, Lula também falou sobre as medidas anunciadas mais cedo pelo governo para reduzir os impostos do setor automotivo, o que pode baixar os preços dos carros populares.
“Nós sabemos que 60% dos carros vendidos no ano passado foram vendidos à vista porque não tem política de crédito para financiar. A classe baixa não está comprando carro”, afirmou Lula.
“Nós esperamos fazer uma política industrial ativa e altiva. Uma política industrial competitiva e moderna que leve em conta os avanços tecnológicos, mas que leve em conta também que, para ter uma indústria forte, é preciso ter trabalhadores fortes ganhando salários justos e podendo ser consumidores”, prosseguiu o presidente.
Agronegócio
Ainda no campo econômico, Lula fez um aceno ao agronegócio e destacou a importância estratégica do setor para o crescimento do país. Há forte resistência ao petista e ao governo em amplos segmentos do agro.
“A gente quer que o nosso agronegócio continue crescendo. É importante termos em conta que o Brasil precisa também ser exportador de grãos, de carne, e isso não atrapalha a indústria”, afirmou Lula. “Até porque, para o agronegócio ser mais produtivo, vai ter que comprar mais máquinas e ter mais acesso à tecnologia.”