Às vésperas da instalação da CPI do 8 de janeiro, marcada para está quinta-feira (25), senadores da base aliada têm se queixado do que consideram falta de articulação do governo para enfrentar os desgastes que poderão ser gerados pelos trabalhos no colegiado. Nesse cenário, parlamentares passaram a recusar a relatoria, e até mesmo a participar da comissão, alegando receio de ficaram expostos pela falta de estratégia do Palácio do Planalto.
A atuação do governo incomodou, por exemplo, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), que foram relator e presidente da CPI da Covid, respectivamente. A presença deles era almejada pelo Executivo pela experiência de enfrentamento na outra comissão, que emparedou o governo Bolsonaro. Ambos foram cotados para a relatoria da CPI dos Ataques, mas avisaram aos seus partidos que não querem nem ser membros da comissão.
O PSD já protocolou a indicação de Aziz e o líder do partido, o senador baiano Otto Alencar, tem a esperança de fazê-lo participar. Por outro lado, a ausência de Renan é dada como certa pela articulação do governo no Senado. Também desmotivado, o líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), não decidiu se vai participar. Ele é o mais cotado para a relatoria.
O MDB do Senado tem duas vagas de titulares e mais duas de suplente, mas ainda não escolheu nenhum membro. A previsão é que uma definição aconteça hoje.
Nomes do MDB dizem que, antes de o partido definir os membros, o governo precisa esclarecer qual será a sua estratégia. A bancada da sigla alega que o Planalto ainda não expôs o que espera dos parlamentares da base. Além disso, a CPI é considerada pouco relevante pelo MDB, que tem preferência por ter protagonismo em iniciativas que envolvam economia e infraestrutura.
Em outra frente de insatisfação, Renan se queixou a interlocutores que o governo não o defendeu das críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que chegou a vetar o emedebista para a relatoria. Os dois são adversários políticos em Alagoas. Já Aziz não gostou de o Planalto ter aceitado que a presidência da CPI fique com o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), aliado de Lira, em vez de indicar alguém mais alinhado ao governo.