A rápida instalação da CPI do MST, comandada por deputados de direita e com maioria da oposição, contribuiu para uma mudança de posição de governistas, que decidiram retomar o interesse pela CPI do 8 de janeiro e marcar para a próxima semana a instalação da comissão.
Até então, conforme Valdo Cruz, da TV Globo, os aliados do presidente Lula já não trabalhavam mais para a implementação do colegiado que deve investigar a tentativa de golpe no país.
A avaliação de líderes governistas é que o governo precisa de munição para se contrapor à CPI do MST, que terá como alvo desgastar o Palácio do Planalto e seus aliados no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra.
O governo dormiu no ponto e deixou que essa CPI fosse dominada por parlamentares ligados à direita e ao agronegócio. O presidente é o tenente-coronel Luciano Zucco (Republicanos-RS) e o relator, o deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro de Jair Bolsonaro.
Segundo um líder governista, a CPI do 8 de janeiro pode ser usada para ofuscar a do MST e dominar o foco das atenções, desgastando ainda mais o ex-presidente Bolsonaro.
Presidência e relatoria
No caso da CPI do 8 de janeiro, como já foi atingido o número de 18 membros indicados, a maioria das 32 cadeiras, a oposição poderia também decidir instalar a comissão e tentar ter, pelo menos, o controle de um dos principais cargos, de presidente ou relator.
Por enquanto, ainda não há uma definição sobre quem irá ocupar esses postos.
O governo segue trabalhando para indicar o presidente da CPI, um senador, mas o grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defende que o posto fique com um deputado. O mais cotado é Arthur Maia (União Brasil-BA).
Líderes governistas devem ter reunião nesta quinta-feira (18) com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para ter uma definição.