Em entrevista ao podcast 2+1, apresentado pelos colunistas Carlos Andreazza e Vera Magalhães, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que o governo deveria ter forçado a votação do PL das Fake News na última terça-feira (2). Nas palavras dele, ‘foi um erro’ adiar o projeto. Para ser aprovada, a matéria precisava da maioria simples – metade mais um – entre os deputados.
‘Eu tinha a opinião, falei isso na reunião dos líderes, para mim, o projeto tinha que ter sido votado. Não fui naquela linha que não tínhamos votos. Eu tinha os meus cálculos, eu conheço o Parlamento. Dei minha opinião ao presidente Arthur Lira que o projeto tinha que ter sido votado’, afirmou.
Guimarães contou ainda que trabalha internamente para que o projeto seja votado daqui a 15 dias. Ele admitiu que faltou uma certa articulação do governo para combater o discurso das big techs. O Google, por exemplo, produziu uma espécie de editorial para dizer que o PL era uma censura às redes sociais.
‘Acho que nós não tivemos dimensão do enfrentamento na disputa. O que foi feito nas plataformas de sexta até terça, quando era a votação, foi algo assustador. Eles fizeram uma ação terrorista e criminosa que amedrontou os parlamentares. (…) Estou insistindo que nós devemos votar daqui a uns 15 dias. Essa matéria tem que ser enfrentada’, pontuou.
O deputado comentou também a derrota do governo na Casa sobre os decretos no Marco do Saneamento. O governo tomou a iniciativa de rever a regulamentação, mas a oposição conseguiu aprovar uma regime de urgência no plenário, nessa quarta-feira, para derrubá-los. Após o revés, José Guimarães escreveu no Twitter: “temos que fazer um freio de arrumação”.
Porém, já ao podcast 2+1, com Vera Magalhães e Carlos Andreazza, o líder minimizou a derrota, apesar de considerar o caso como um recado.
‘Não é um projeto estratégico para o governo. Não dá para medir o tamanho da base do governo por conta disso. O momento chave é a votação do novo marco fiscal, que será entre os dias 11 a 15 de maio, conforme decisão do presidente Arthur Lira’, afirmou.
‘É claro que você não tem uma votação dessa e nós deixamos de analisar os números de cada bancada. Nós já conversamos, inclusive, com os ministros da Casa Civil e das Relações Institucionais e analisamos o comportamento das bancadas. Serve de ponto de partida. Parte da base do governo se aliou com a base do Bolsonaro para mandar um recado. Eu encaro com tranquilidade, porque é o ponto de partida para gente recompor as coisas’, continuou.
Sobre a governabilidade do governo na Câmara, José Guimarães admitiu rever os acordos com a base por ministérios. Ele concorda que as emendas impositivas podem ser o caminho para consolidar o apoio legislativo.
‘Acho que os ministérios são um problema que nós temos. O partido entra no governo, indica três ou quatro ministérios, mas não tem correspondência com o comportamento político dos parlamentares na Câmara. Eu tendo a concordar que o melhor caminho é negociar com transparência as emendas impositivas, vinculando esses recursos aos programas dos ministérios, prestigiar os parlamentares. Acho que a coalização ficaria com maior substância’, analisou.
O deputado ainda destacou o apoio do presidente da Casa, Arthur Lira, quem ele cita estar sendo ‘muito colaborativo’.
‘Ainda teve gente que nos criticou por tê-lo apoiado. Imagina se nós não tivéssemos apoiado, o desmantelo que estava aqui na Câmara. Nós apoiamos em função de uma governabilidade que nós precisamos ter, gostando ou não. A política é prática. é pão, pão; queijo, queijo. Lira ajudou muito na aprovação da PEC da Transição’, contou.