Em encontro desta terça-feira (2) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse segundo Tales Faria, do Uol, que a liberação de verbas do Orçamento federal é mais efetiva do que a distribuição de cargos para a formação de uma base parlamentar forte no Congresso.
O encontro ocorreu na manhã esta terça-feira, 2, no Palácio do Planalto. Serviu para iniciar um entendimento “mais direto” entre Lula e Lira, nas palavras de um líder governista. Segundo esse relato, foi uma conversa sincera, “mas muito cuidadosa”.
O presidente da Câmara disse ao presidente da República que, justamente pelo fato de o governo não ter uma base parlamentar sólida, ele não podia garantir a aprovação imediata do projeto de lei contra a propagação de notícias falsas (fake news) nas redes sociais.
Lula evitou apadrinhar o projeto. Disse que o governo acha importante o controle das “big techs”, as grandes plataformas internacionais, mas que esta é uma “luta da sociedade” como um todo.
Na verdade o texto final relatado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) foi negociado diretamente pelo presidente da Câmara. Não interessa ao governo carimbar como culpa do Planalto uma eventual derrota na votação do texto.
O chefe do Executivo chamou Arthur Lira para a conversa a fim de aplacar as críticas que este fez à coordenação política do Palácio do Planalto, capitaneada pelo ministro-chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Em entrevista ao jornal “O Globo” publicada neste domingo, 30, Lira disse que a atuação de Padilha não está satisfazendo à base do governo no Congresso. O Planalto entendeu a entrevista como um pedido público da cabeça do ministro ao qual Lula não pretende ceder.
Na conversa com Lula, Arthur Lira elogiou o ministro, que está licenciado do mandato como deputado federal, eleito pelo PT de São Paulo, a quem disse considerar “um bom amigo de longo tempo” e contra o qual não haveria restrições no Congresso. O problema seria a liberação de verbas do Orçamento, ou seja, a distribuição de emendas parlamentares.
Segundo o presidente da Câmara, nem Padilha nem qualquer ministro isoladamente pode dar conta de uma “distribuição satisfatória” das verbas das emendas parlamentares. Daí porque defende o que chama de “descentralização da coordenação política”. Seria uma maior participação dos líderes dos partidos governistas como interlocutores das demandas dos deputados.
Lula deu a entender que haverá maior participação dos líderes nessa distribuição, mas não chegaram a detalhar como isso se dará. Ambos disseram a aliados que consideraram o encontro muito bom, mas que foi apenas um contato inicial. A ideia seria torná-los mais constantes.