Os paraguaios irão às urnas neste domingo (30) para decidir quem irá governar o país pelos próximos anos. Serão eleitos presidente e vice-presidente da República; 45 senadores titulares e 30 suplentes; 80 deputados titulares e 80 suplentes; 17 governadores; e 257 membros titulares e 257 suplentes para Juntas Departamentais (assembleias legislativas estaduais).
As regras da política paraguaia preveem não haver segundo turno, nem possibilidade de reeleição. O candidato eleito ganha um mandato único de cinco anos. Ao todo, mais de 4,7 milhões de pessoas estão aptas a votar. Serão 1.157 locais de votação, com 15.380 urnas.
São 13 chapas na disputa pela presidência do país sul-americano. Mas, embora haja grande variedade de candidatos, duas duplas despontam como as “principais”. As informações são de Tiago Tortella, Sanie López Garelli, Lucinda Elliott e Daniela Desantis da CNN Brasil, e da CNN Espanhol
De um lado estão Santiago “Santi” Peña e Pedro Alliana, candidatos conservadores pelo Partido Colorado — que está no poder. Do outro, Efraín Alegre e Sole Núñez, que lideram o bloco de oposição e coalizão de centro-esquerda Concertação Nacional por um Novo Paraguai.
Uma pesquisa AtlasIntel divulgada na terça-feira (25) mostrou que eles têm vantagem em relação às outras chapas, mas enfrentam disputa acirrada pela liderança, com empate técnico.
Alegre liderava com 34,3% das intenções de voto. Em seguida, com 32,8% das intenções de voto, estava Peña. A margem de erro era de 2 pontos percentuais.
Entretanto, o terceiro colocado, Paraguayo “Payo” Cubas, um candidato polêmico, que já teve mandato como senador cassado após pedir a morte de “100 mil brasileiros bandidos”, deu um salto de 8 pontos percentuais em relação ao último levantamento, do início do mês.
Nessa pesquisa divulgada pela AtlasIntel anteriormente e repercutida pela CNN, a maioria dos paraguaios (54,7%) afirmou que prefere que o próximo presidente do país seja alguém da oposição ou do partido Concertação. Enquanto isso, 35,8% prefere que o Partido Colorado continue no poder. Não souberam responder 9,5%.
Ainda assim, Alegre e Peña estavam empatados tecnicamente, com aproximadamente 38% e 36% dos votos, respectivamente.
Quando os respondentes foram questionados sobre os principais problemas no país, a corrupção foi o tema mais apontado, por 68%. Em seguida, está o acesso a serviços de saúde e medicamentos gratuitos, com 52%; e a insegurança, com 41%.
Quanto às principais características que o próximo presidente do Paraguai deve ter, foram destacadas pelos entrevistados honestidade, patriotismo e inteligência.
Quem são os favoritos para vencer a corrida presidencial?
Santiago Peña é economista e foi ministro da Fazenda no governo de Horacio Cartes. Apresenta-se como o candidato para promover o desenvolvimento integral do país.
“Emprego, investimento em capital humano, saúde, educação. Os próximos anos podem ser os melhores para o Paraguai. Mas temos que colocar em prática todo o nosso conhecimento, experiência e determinação”, disse Peña à CNN.
Em janeiro, os Estados Unidos sancionaram Horacio Cartes e o atual vice-presidente do país por supostos atos de corrupção “que minam as instituições democráticas”, pontuou o Departamento do Tesouro na época. Esta é uma declaração que o líder do Partido Colorado rejeitou.
Líder da oposição e candidato à Presidência do Paraguai, Efraín Alegre / 17/04/2023 REUTERS/Cesar Olmedo
Efraín Alegre, por sua vez, é advogado e foi ministro de Obras Públicas durante o governo de Fernando Lugo até 2011. Sua proposta de administração se concentra na luta contra a corrupção para alcançar o bem-estar.
“Dê uma chance à Concertação e vamos mostrar que realmente podemos ver o outro Paraguai, o do trabalho, o do esforço, um Paraguai solidário que tem uma resposta ao grande necessidades do povo”, afirmou Alegre à CNN.
Relação com China e Taiwan
Um dos pontos de atenção da comunidade internacional nessas eleições — principalmente dos Estados Unidos — é como ficará a relação entre Paraguai, Taiwan e China.
Santiago Peña promete estender relações diplomáticas de décadas com Taiwan, mas Efraín Alegre é a favor de mudar os laços rumo à China para impulsionar a economia agrícola do país.
A pressão interna para mudar essa política e abrir os mercados do país asiático para que a soja e a carne bovina do Paraguai, seus principais produtos de exportação, sejam comprados, cresce especialmente a partir do poderoso lobby agrícola.
Entretanto, se o Paraguai reconhecer a China, isso será um golpe para Taiwan, que enfrenta uma batalha difícil para manter seus 13 aliados restantes em todo o mundo. Isso também seria um novo sinal da crescente influência chinesa em uma área que Washington considera “seu quintal”.
Itaipu Binacional
No dia 17 de abril, o Conselho de Itaipu Binacional, a usina hidrelétrica que fica na fronteira de Brasil e Paraguai, fornecendo energia para ambos os países, aprovou a redução da tarifa de energia da usina em aproximadamente 20%.
Com a decisão, a tarifa oficial foi reduzida de US$ 20,80 para US$ 16,71 por kilowatt/hora mensal para o restante do ano de 2023.
De acordo com Enio Verri, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, a mudança deve gerar uma queda de 1% em média na conta de luz – já que a usina produz cerca de 8,6% da energia consumida no Brasil.
Uma tarifa ainda menor, de US$ 12,67, vinha sendo praticada provisoriamente no Brasil desde janeiro deste ano, por decisão do governo Jair Bolsonaro, mas sem aval do Paraguai – o que causou prejuízo de US$ 150 milhões à usina, segundo Verri.
O diretor também pontuou que o acordo teve resistência dos paraguaios, pois eles defendiam uma tarifa acima dos US$ 20. O Conselho da usina possui 12 integrantes, sendo seis brasileiros e seis paraguaios.
Ao assumir como diretor-presidente brasileiro da hidrelétrica, Enio Verri destacou à CNN a importância da renegociação do Tratado de Itaipu, que estabelece a parceria entre os dois países para a geração e comercialização de energia. Ele pretende iniciar as negociações assim que as eleições paraguaias forem definidas.
Atualmente, cada país tem direito a 50% da energia gerada pela hidrelétrica, localizada na fronteira entre os países, no Rio Paraná. Como o Paraguai não utiliza toda a parte a que tem direito, o país vende o excedente para o Brasil.
O Tratado de Itaipu completou 50 anos no dia 26 de abril, e a usina nasceu como a maior hidrelétrica do mundo. Saiba mais sobre a Itaipu Binacional e outras curiosidades através desta matéria.