domingo 24 de novembro de 2024
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/AB
Home / NOTÍCIAS / O que falta para criar a CPMI dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro; confira
segunda-feira 24 de abril de 2023 às 13:42h

O que falta para criar a CPMI dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro; confira

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Antes contrário à instalação de uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, o governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu segundo Ana Luiza Antunes, do Estadão, mudar a estratégia após a demissão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias.

Em novo movimento, o Palácio do Planalto agora apoia a abertura dos trabalhos do colegiado e, como mostrou o Estadão, age para ter a maioria e o controle da CPMI. Uma sessão para abertura da comissão foi convocada para quarta-feira, 26, no Congresso. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também comanda o Congresso, fará a leitura do requerimento, atestando a obtenção das assinaturas necessárias e o cumprimento dos requisitos básicos. “A CPI é um direito da minoria. Não cabe a mim decidir. Se forem cumpridos os requisitos – número de assinaturas, fato determinado e orçamento previsto – cabe aos líderes dos partidos tomar essa decisão”, disse Pacheco na semana passada.

G. Dias, como é conhecido o oficial, deixou o cargo na quarta-feira, 19, após a divulgação de imagens em que ele aparece no Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, interagindo tranquilamente com invasores, até indicando o caminho de saída a alguns. A imagens foram reveladas pela CNN Brasil. O general prestou depoimento a delegados da Polícia Federal na sexta-feira, 21. No sábado, 22, o GSI abriu todo o conteúdo das câmeras de segurança por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As imagens reforçam a ação violenta dos manifestantes radicais e mostram agentes do GSI sem agir para conter invasores, pelo contrário, até oferecendo água em determinado momento. Foi registrada inclusive uma tentativa de arrombamento de um caixa eletrônico, como mostrou o Estadão, que examinou o material capturado por 33 câmeras espalhadas nos quatro andares do Planalto.

A mudança de estratégia do governo Lula agora prevê um novo diálogo entre parlamentares para iniciar a CPMI, que precisava das assinaturas de pelo menos um terço dos membros de cada Casa do Congresso Nacional. Apesar da resistência do governo federal nos primeiros meses de gestão, a oposição, sob liderança do deputado federal André Fernandes (PL-CE), se articulou e já obteve assinaturas de 218 deputados e 37 senadores.

O requerimento apresentado pelo parlamentar descreve como finalidade da comissão investigar os atos de ação e omissão ocorridos no 8 de janeiro.

O que acontece agora?

Diante da crise com a saída de G. Dias, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o Planalto também pleiteia a abertura da CPMI. Em Lisboa, no sábado, o presidente Lula declarou a decisão de estabelecer a investigação parlamentar é do Congresso. “Não decido CPI. CPI é decisão do Congresso Nacional, que decide quando quiser decidir, faz quando quiser fazer. O presidente da República não vota no Congresso Nacional. Os deputados decidem”, respondeu Lula, que se irritou com a pergunta enquanto dava entrevista coletiva ao lado do presidente português, Marcelo Rebelo.

Em meio à polêmica e também em viagem ao exterior no fim da semana passada (ele participava de um seminário em Londres), Pacheco prometeu fazer a leitura do requerimento nesta quarta-feira, 26.

Competências e indicações

Assim como uma CPI da Câmara ou do Senado, as comissões mistas têm de acordo com Ana Luiza Antunes, as mesmas competências e pré-requisitos. O pedido de instauração pode ser feito por qualquer senador ou deputado federal, sendo necessário o recolhimento de um terço de assinaturas no Senado (27) ou na Câmara (171).

A leitura do pedido em plenário pelo presidente do Congresso sela o início formal da CPMI. A partir daí, os líderes dos partidos devem indicar os integrantes que vão compor o colegiado. Isso se dá considerando o tamanho dos blocos partidários, a chamada proporcionalidade. A CPMI dos atos antidemocráticos terá 32 integrantes (16 deputados e 16 senadores), e governistas calculam conseguir indicar 20 nomes.

Por tradição, espera-se que o proponente da investigação seja o presidente do colegiado, ou seja, André Fernandes. Mas isso se define, na prática, na primeira sessão da CPMI, quando os integrantes elegem o comando e os cargos-chave: presidência e relatoria.

Como são formadas as CPMIs e quais os principais cargos?

As comissões mistas são formadas por deputados e senadores. Diferente de uma CPI em cada Casa, os parlamentares de Câmara e Senado atuam em conjunto, com maior força política. Os cargos mais importantes do colegiado são a presidência e a relatoria. O presidente determina a agenda de depoimentos e o ritmo dos trabalhos, entre outros pontos cruciais, como agir para aprovar ou não o envio de documentos. Já o relator é o principal condutor dos depoimentos e da interpretação de todas as informações colhidas: cabe a ele (ou ela) redigir o relatório das investigações, influenciando a interpretação das informações coletadas.

Aliados do governo e opositores de Lula já travam intensa disputa de bastidor para negociar nomes e reunir o apoio necessário entre os membros da comissão para determinar o presidente, vice-presidente e relator.

Qual o prazo dos trabalhos?

Não há um prazo definido para que os líderes dos partidos nomeiem os membros da CPMI. O que pode acontecer, no entanto, é o presidente do Congresso definir uma data. Com a composição definida, a CPMI será instalada. Após este processo, o colegiado tem 120 dias para analisar o caso e apresentar um relatório final com as conclusões, mas pode também acabar aprovando uma prorrogação, como ocorreu com a CPI da Covid.

Quais são os poderes dos integrantes?

A CPMI (ou a CPI), é um instrumento do Parlamento para exercer sua atividade fiscalizadora. Ela tem poderes de investigação similares aos de uma autoridade policial: pode inquerir testemunhas, ouvir suspeitos e autoridades, requisitar informações de documentos da administração pública e quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados. No entanto, a CPI não tem poder de julgar ou punir os investigados. Cabe às instâncias judiciais abrir processos e darem andamento a ações relacionadas aos achados da comissão.

Caso os parlamentares identifiquem que houve a transgressão disciplinar ou a prática de crimes, a CPMI encaminha suas conclusões para o Ministério Público, responsável por determinar a responsabilidade civil ou criminal após pedido de indiciamento dos citados.

Veja também

Influência de Elon Musk no governo Trump preocupa Angela Merkel

Bilionário ganhou cargo do republicano após apoio na campanha. Em entrevista à revista “Der Spiegel”, …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!