Dentro do Itamaraty comandado pelo ministro Mauro Vieira, as recentes declarações de Lula sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia são atribuídas ao ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor especial do presidente.
Segundo Gustavo Maia, da Veja, a avaliação é que Amorim tem uma visão muito “combativa” em relação às potências ocidentais, que foi acentuada ao longo dos anos. “Está no DNA dele agir dessa maneira”, comenta um diplomata. “Ele tem os ouvidos do Lula. Tudo isso é basicamente o pensamento do Celso Amorim e de alguns setores mais radicais do PT”, acrescenta.
Mauro Vieira, por outro lado, é muito mais “cuidadoso, pragmático, menos confrontacional”, segundo este mesmo integrante do Itamaraty, enquanto Amorim seria “vaidoso demais”.
No Ministério das Relações Exteriores, diplomatas avaliaram que Lula improvisou demais ao falar sobre a guerra e disse coisas que não ajudam nem para o Brasil manter efetivamente uma postura independente nesse conflito — “em última instância, é uma postura favorável à Rússia” — e nem na disputa pela hegemonia geopolítica entre Estados Unidos e China — “o Brasil não tem muito a ganhar”.
Os possíveis impactos do alinhamento aos russos, ou de o Brasil “se empantanar com coisas que não são do nosso interesse”, como definiu um interlocutor da pasta, podem variar de sanções econômicos à vedação ao compartilhamento de tecnologias sensíveis.