‘Me acusam de furto, mas faltou transição’, diz Michelle Bolsonaro sobre móveis do Alvorada

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que não levou nenhum móvel do Palácio do Alvorada e que a residência presidencial já estava em condições precárias desde 2019. Ela rebateu as acusações do governo Lula (PT) de que os móveis teriam sumidos e atribuiu a situação à “falta de transição” entre as duas gestões. As declarações foram dadas em entrevista à CNN.

— Me acusam de furto, mas o que faltou foi uma transição”, disse Michelle à emissora de TV, completando: — Se tivesse tido uma troca, uma conversa, não haveria dúvidas sobre onde estava e qual o estado do mobiliário do Palácio quando nós chegamos.

Porém, foi o próprio governo Bolsonaro que se negou a contribuir nos trabalhos para a passagem de uma gestão para a outra.

A ex-primeira-dama disse ainda que, se soubesse que seria acusada de deteriorar e sumir com peças do Palácio da Alvorada, “teria filmado” o estado do local ainda em 2019.

“Quando nós chegamos, o mobiliário já estava tão desgastado a ponto de que, se você sentasse, o estofado saía inteiro na sua roupa” afirmou.

Ainda na primeira semana do governo Lula, em janeiro deste ano, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, abriu o Alvorada e mostrou à GloboNews os problemas de conservação no local após a saída de Bolsonaro. As imagens da TV mostraram infiltrações, janelas quebradas, danos em tapetes, sofás rasgados, além de locais da residência que estavam sem o mobiliário original.

Na semana passada, a Secretaria de Comunicação (Secom) anunciou que dos 261 móveis do Palácio da Alvorada dados como desaparecidos no início do ano, 83 ainda não haviam sido localizados (32%).

Ainda à CNN, Michelle disse que decidiu usar suas próprias coisas ao invés de abrir uma licitação para adquirir novos bens. Segundo ela, o enxoval de cama seria ainda da época Fernando Henrique Cardoso, que deixou o poder em 2003.