Programa Mundial de Alimentos suspendeu suas ações no país, onde 16 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária. Confrontos que eclodiram no sábado (15) entre Exército e grupo paramilitar já deixaram dezenas de mortos.A missão das Nações Unidas no Sudão informou neste domingo (16) que três funcionários do Programa Mundial de Alimentos (PAM) foram mortos no dia anterior durante os confrontos que eclodiram no norte de Darfur, em meio aos combates entre o Exército do país e o poderoso grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR).
“Três funcionários do Programa Mundial de Alimentos (PMA) foram mortos em confrontos que eclodiram em Kabkabiya, Darfur do Norte, em 15 de abril, enquanto estavam em serviço”, disse a missão da ONU em um comunicado.
Até o momento, os confrontos no país deixaram um saldo de 56 civis mortos. O país africano, à beira de que o conflito que arrisca se transformar em guerra civil, acordou com aviões militares sobrevoando o centro da capital, Cartum, e outros pontos a leste e ao sul da capital, enquanto os choques continuavam em outras cidades do país
O representante da missão no Sudão, Volker Perthes, “condenou energicamente os ataques contra pessoal das Nações Unidas”, transmitiu suas condolências às famílias das vítimas e manifestou sua “extrema preocupação” com “relatos de projéteis atingindo as instalações da ONU” durante os combates.
No entanto, não especificou como exatamente morreram os trabalhadores do PMA, organização que foi alvo de ataques esporádicos de grupos armados antes mesmo do início da rebelião.
O PMA decidiu suspender temporariamente suas operações no Sudão, informou neste domingo Cindy McCain, diretora-executiva da organização. “Enquanto analisamos a evolução da situação de segurança, somos forçados a interromper temporariamente todas as operações no Sudão”, disse McCain em um comunicado,
Já Perthes denunciou que há “relatos” sobre “saque de instalações da ONU e outras instalações humanitárias em vários lugares em Darfur”, o que descreveu como “atos de violência recorrentes” que “interrompem a prestação de assistência vital e devem terminar”.
“A segurança dos funcionários e contratados é fundamental e, quando ocorrem incidentes como este, são as mulheres, homens e crianças que precisam desesperadamente de assistência que mais sofrem”, destacou o representante, pedindo às partes em conflito que “respeitem suas obrigações internacionais”, além de garantir a segurança do pessoal e das instalações da ONU. “Reitero: civis e trabalhadores de ajuda humanitária não são um alvo”, frisou.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas, ou seja, um terço da população do Sudão, dependem de ajuda humanitária.
Ainda neste domingo, o chefe do Exército do Sudão, Abdel Fattah al Burhan, e o comandante do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), Mohamed Hamdan Dagalo, aceitaram uma “pausa temporária nos combates” de três horas, após proposta das Nações Unidas, para abrir corredores humanitários.
A missão da ONU no Sudão anunciou no Twitter que os dois lados concordaram com a proposta. A cessação temporária das hostilidades “por razões humanitárias” entrou em vigor às 16h (hora local, 11h de Brasília) e terminou às 19h (14h) deste mesmo domingo.
Ontem, muitos moradores de Cartum ficaram presos em suas casas ou em estabelecimentos de ensino e escritórios devido aos combates, que causaram grandes cortes de eletricidade e de vários serviços básicos, como o abastecimento de água potável.