A nomeação da advogada Marilda Silveira para ser assessora especial do ministro da Justiça, Flávio Dino, estacionou na Casa Civil. A defensora atuou contra Lula (PT) segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha, em diversas causas na época da Operação Lava Jato.
De acordo com integrantes do governo, a indicação dela seguiria o fluxo normal em outras circunstâncias. Seu nome passaria por uma checagem, mas em pouco tempo seria aprovado.
O fato de ter advogado contra Lula em um dos momentos mais críticos da vida do petista, no entanto, fez com que fosse colocada uma “lupa” sobre a indicação, até agora suspensa.
A situação criou uma saia justa: Dino já tinha convidado Marilda para integrar a sua equipe. Além de entrevistar magistrados para futuras promoções, a advogada ajudaria a criar o Observatório de Violência de Gênero no ministério.
História
Marilda era advogada do partido Novo quando atuou contra Lula em três ações cruciais: a que contestava a nomeação dele para ser ministro da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, a que indeferiu o registro de sua candidatura a presidente, em 2018, e a que censurou entrevista que seria feita pela Folha e pelo El País com o ex-presidente quando ele estava no cárcere. Foi vitoriosa em todas.
Discurso
Ao sustentar os argumentos do Novo contra a candidatura de Lula, Marilda afirmou: “Com todo respeito ao candidato, livre, no Brasil, tem que ser a escolha do eleitor. Mas essa liberdade só será real quando, de uma vez por todas, a gente eliminar a profissionalização da história mal contada”.
Ofício
Os defensores de Marilda afirmam que ela advogava para o Novo, e portanto tinha que seguir as diretrizes do partido naquela época.
Dizem ainda que o advogado não pode ser confundido com seus clientes. E pontuam que ela deixou de trabalhar para a legenda no racha que colocou, de um lado, o ex-presidenciável João Amoedo, que apoiou Lula em 2022, e de outro bolsonaristas que apoiaram a reeleição de Jair Bolsonaro (PL).